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6 de dez. de 2011

Serial Killer



Quando lemos a palavra serial killer, logo nos vem à cabeça um filme hollywoodiano, em que um grupo de jovens em busca de aventura se embrenha mata adentro. De repente, um sujeito com jeitão de caipira, mascara e munido de um objeto cortante ou contundente mata, sem nenhum pudor ou ressentimento, os jovens um por um, até que uma menina (geralmente a menininha feinha e super inteligente do grupo) como um passe de mágica acaba com a raça do sujeito.  Apesar de serem classificados com filmes de assassinatos em série, os Slashers films raramente apresentam um serial killer, sendo mais comum a aplicação de um spree killer como personagem principal. Existe uma diferença básica entre ambos.


Primeiramente, vamos separar os assassinos em dois grupos: Os assassinos “comuns” e assassinos sem motivação. No primeiro grupo estão os homicidas que praticaram um ou mais homicídios com algum motivo, mesmo sendo este torpe, por exemplo: assaltantes que praticam latrocínios; pessoas motivadas por ciúmes, vingança ou acerto de contas; usuários de droga que, em um momento de êxtase e alucinações, cometem crimes e etc. No segundo grupo ficariam homicidas que cometem mais de um crime sem nenhum motivo: assassinos em série, assassinos em massa e os spree killers (em uma tradução não literal, assassinos impulsivos). Vale à pena lembrar que essa divisão não é oficial, mas apenas para facilitar as coisas. Só para se ter uma noção, o psiquiatra forense Michael Stone, da universidade de Columbia, EUA, definiu em 21 os tipos os homicidas.
Para se diferenciar assassinos em série, assassinos em massa e spree killers é necessário analisar, entre outras coisas, o tempo entre um crime e outro. Um assassino em massa direciona a sua fúria de forma explosiva, matando um grande número de pessoas de uma só vez. Suas vítimas se encontram “todas juntas” geralmente em ambientes fechados, como escolas, cinemas e shopping centers. Os assassinos considerados spree killers cometem um crime por vez, mas com um tempo muito curto entre um crime e outro. É comum não terem um “perfil” de vítima, em outras palavras, mata quem estiver na frente. Pode parar de matar de repente, assim como quando começou. Já os assassinos em série cometem crimes separados e com um regular espaço de tempo entre um crime e outro, tal espaço pode variar entre dias ou anos. Depois de satisfazer suas vontades, um assassino em série volta a vida normal, até o momento em que sentir novamente o desejo homicida. Diferente dos assassinos impulsivos, um serial killer só para de matar quando é impedido (detido ou morto) e só vitimam pessoas que se encaixam em um perfil. 
Wellington Menezes, assassino em massa que vitimou 12 crianças em um colégio no bairro de Realengo – RJ

O spree killer Wllian “Billy” Cock, fez seis vítimas 

O assassino em série John Wayne Gacy

O termo Serial killer foi usado pela primeira vez na década de 70, porém em praticamente toda historia da humanidade os assassinos em série estão presentes. O primeiro, ou melhor, a primeira assassina em série que se tem noticia foi Locusta, que “atuou” na Roma antiga. Outros exemplos de assassinos em série “clássicos” são: Gilles de Rais, homicida francês que viveu entre 1404 e 1440; Erszébet (Elizabeth) Báthory, cujo número de vítimas pode ultrapassar 600, nascida em 1560 e morta em 1614; Vlad Tempest Drácula, eternizado no cinema, na pele de Bela Lugosi, como um vampiro galante. O verdadeiro Drácula era um sádico empalador; H. H. Holmes, o primeiro assassino em série dos Estados Unidos da América; Jack, o estripador, assassino que aterrorizou a cidade de Londres no ano de 1888. No Brasil, dois casos emblemáticos e quase simultâneos abrem a lista de Serial Killers “brazucas”. São eles Preto Amaral, que vitimou pelo menos três garotos no Estado de São Paulo em 1926 e Febrônio “o Filho da Luz” Índio do Brasil, que violentou e assassinou, pelo menos, dois meninos no Rio de Janeiro em 1927. Outra possível serial killer é Bárbara dos Prazeres, nesse caso ela seria a primeira, pois ocorreu no tempo do império. Como pouco se sabe sobre o caso Preto Amaral ficou com o título.

Classificações:
Existem três principais formas de se classificar um serial killer:
Classificação por comportamento:
No grupo dos organizados se encontram os assassinos psicopatas e sociopatas (mas não confunda, psicopatas e sociopatas nem sempre cometem crimes). Assassinos organizados são inteligentes, astutos e frios. Não deixam provas nos locais dos crimes e geralmente são presos por crimes menores. Planejam o crime com antecedência e estão sempre atentos as notícias sobre seus crimes. Por serem bonitos ou charmosos, atraem a vítima com facilidade.
Assassinos desorganizados agem por impulso, têm um comportamento estranho e baixa inteligência. Não planejam seus crimes e deixam muitas evidências no local, sendo assim facilmente apreendidos. Também não apresentam nenhum interesse sobre a investigação de seus crimes. Quando levam algo do local do crime, não é para ocultar evidências, mas sim para obter um “troféu”
Classificação por “Modus Operandi”:
Assassinos por ato: Assassinos por ato matam simplesmente por matar. Todas as suas fantasias e desejos são realizados após a morte. Geralmente usam armas letais, como armas de fogo.
Assassinos por processo: Os assassinos por processo realizam suas fantasias torturando a vítima e lhe causando uma morte lenta. Alguns praticam reanimação para satisfazer seus desejos por mais tempo.
Classificação por tipo:
Existem quatro tipos de assassinos em série, o denominador comum entre eles  é o sadismo, desordem crônica e progressiva. Os tipos são:
Visionário: É motivado por vozes em sua cabeça. É um individuo insano e psicótico. É comum ter alucinações e visões.
Missionário: Pertencente ao segundo grupo de assassinos por ato, o assassino missionário acredita que existe um grupo indigno e que deve ser eliminado. Se sente um escolhido a exercer uma missão, daí o nome missionário. Geralmente suas vítimas são prostitutas, homossexuais, mulheres ou crianças.
Emotivo: mata por diversão. É um assassino por processo, usando contra as vítimas requintes de crueldade, obtendo prazer desde o planejamento do crime até sua realização.
Assassino sexual: Fechando o grupo, estão os assassinos sexuais. Seus crimes apresentam parafilias, as mais comuns são o sadismo e a necrofilia. Assassinos sexuais estupram, sodomizam, torturam e ou mutilam suas vítima, tudo isso lhe dá prazer sexual.

Conexão:
É importante observar pelo menos dois elementos que conectam os crimes:
Modus Operandi: do latim, modo de operação. É a forma de agir do assassino que assegura seu sucesso. O M.O. é estabelecido observando-se o tipo de arma utilizada no crime, tipo de vítima selecionada, o local do crime e a forma de agir passo a passo. O M.O. se sofistica a medida com que o criminoso comete seus crimes e o fato da existência de um Modus Operandi similar não é o suficiente para a conexão dos crimes.
Assinatura: É a marca registrada do assassino, compreendida entre o ritual e o modus operandi. Sempre está relacionada com as fantasias do criminoso. Geralmente são mutilações especificas, emasculação ou desfeminização, cortes específicos, evisceração, posicionamento e/ou amarrações específicas semelhantes em todas as vítimas, ferimentos específicos, relações sexuais em ordem específicas.
O assassino em série brasileiro, Febrônio Índio do Brasil, tinha como assinatura o ato de tatuar as letras DCVXVI no peito de suas vítimas

Outro elemento importante é o Ritual, comportamento que excede o necessário. Baseado nas necessidades do criminoso. São enraizados em fantasias e geralmente envolvem parafilias, além de cativeiro, escravidão, posicionamento e overkill. Pode ser constante ou não.
É comum assassinos em série levarem um “troféu” para casa. Pode ser um pedaço do corpo da vítima, uma fotografia, documentos e objetos pessoas da vítima, peças de roupas e etc. Esses troféus servem para trazer lembranças ao assassino. Alguns ainda fazem anotações e listas com os nomes das vítimas.
Parafilias
Nos casos de assassinos sexuais e emotivos, o sadismo, a necrofilia e a pedofilia, em especial a pederastia, são comuns. Existem casos como o de Jerry Brudos, que tinha podofilia (atração sexual por pés ou sapatos, no caso de Brudos, sapatos femininos de salto alto) e Jeffrey Dahmer que sentia atração por órgãos internos ainda quentes.
Serial killers e psicopatas.
Ted Bundy, um caso de assassino em série psicopata.

Apesar de ser comum a ligação entre serial killer e psicopatas, essa definição é um erro. Nem todo psicopata é um serial killer, por outro lado nem todo serial killer é psicopata. A idéia que grande parte das pessoas tem de psicopatas é de um indivíduo insano, apático e que só pensa em morte, o que é um também erro. Psicopatia, descrita pela primeira vez por Hervey M. Cleckley, consiste em um transtorno cujos principais sintomas são: ausência de sentimentos tais como culpa, piedade, compaixão, amor e etc.; facilidade em manipular outrem;  capacidade de mentir sem demonstrar alterações corporais; egoísmo excessivo, superego;  ausência de afeto, até mesmo com pessoas muito próximas; inteligência acima da média; falta de ansiedade em situações que oferecem riscos. Apesar de não ser uma regra, psicopatas costumam ser bonitos e charmosos. Conseguem ser socialmente competentes, mesmo que suas amizades sejam apenas superficiais. No geral, psicopatas não cometem crimes, mas quando se tornam serial killers, fazem parte do grupo dos organizados.

Vítimas.
Não existe um padrão universal de vítima. O tipo de vítima varia de assassino para assassino. Tal tipo pode ser simplista, como um assassino que vitima qualquer mulher na rua, ou também mais detalhista, como um assassino que mata mulheres brancas de cabelo curto e pinta no lado esquerdo do queixo. Mundialmente, a maior parte das vítimas de assassinos em série é formada por mulheres, mas no Brasil, o maior número de vítimas e de crianças.
Casos emblemáticos:
Jack, the Ripper: O assassino misterioso Jack o estripador levou medo a população de Londres, em 1888, assassinando pelo menos cinco prostitutas no miserável bairro de Whitechapel. Sua identidade até hoje é desconhecida e muitos apostam que ele é apenas uma lenda;
Theodore Robert Bundy: Inteligente e bonito, Ted Bundy era o que conhecemos como cidadão acima de qualquer suspeita. Trabalhou em uma associação de ajuda a pessoas suicidas. É considerado o Picasso dos serial killers.Vitimou pelo menos 22 mulheres;
Ed Gein: Era um velho solitário e estranho. Tinha apenas um amigo, com o qual, costumava realizar o sinistro ritual de desenterrar cadáveres para a confecção de roupas, estofados e utensílios. Quando seu amigo foi internado, Ed decidiu matar, pois já era difícil desenterrar corpos sozinho;
Cena do filme psicose, dirigido por Alfred Hitchcock, onde o personagem principal, Norman Bates, foi inspirado em Gein.

Audrey Chikatilo: O mais famoso assassino em série da Rússia. Careca, magrelo e sexualmente impotente. Matou mais de 52 pessoas;
Jeffrey Dahmer: Canibal, necrofilo e problemático, vitimou 17 jovens.
John Wayne Gacy: Gordinho sádico, que alternava sua vida entre um homem que trabalha em um partido, um palhaço animador de festas beneficentes e um homem violento que torturava, violentava e matava jovens do sexo masculino. Sua ultima frase: “beije minha bunda”. Matou 33 pessoas;
 Edmund Kemper: Tinha mais de 2 metros de altura. Suas primeiras vítimas foram os avós. Também matou a mãe, arrancando-lhe as cordas vocais, como uma forma de vingança por ele gritar tanto.Vitimou, ao todo, 10 pessoas.
Zodiáco: Até hoje não se sabe sua identidade. O assasssino emcapuzado que assombrou os estados unidos durante as décadas de 60 e 70. Deixou pelo menos 37 mortos.

(Por: João Mendonça)


(Fontes:  Casoy, Ilana. Serial Killer - Louco ou Cruel, Editora Ediouro - 2008)

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