19 de jan. de 2012

Leonarda Cianciulli - A saponificadora de Correggio

Existem pessoas que se impressionam com as assinaturas de Jack, o estripador e Chico Picadinho. Eu, porém, se fosse escolher um assassino que me chamasse atenção, um dos nomes que me viriam à cabeça seria o de Leonarda Cianciulli. Esta italianinha decidiu que comprar sabão no supermercado é coisa de gente sem imaginação.

" Joguei os pedaços em uma panela, acrescentei sete quilos de soda cáustica, que havia comprado para fazer sabão..."



Leonarda Cianciulli nasceu em 14 de novembro de 1893, em Montella di Avellino, Itália. Sua mãe, Emilia Marano à rejeitava, pois Leonarda havia sido fruto de um estupro. O ressentimento a levou a tentar cometer suicídio três vezes, em duas ela tentou enforcar-se e em outra comeu vidro moído. Em 1914, com 21 anos, ela casou-se, contra a vontade da mãe e do padrasto, com Raffaele Pansardi, que trabalhava como funcionário de um cartório local. Cianciulli e sua mãe cortaram todas as relações depois de uma confusão na véspera de seu casamento. Leonarda e Raffaele mudaram-se para a província de Lariano, em Alta Irpinia, região de Lazio, porém em 1930 um terremoto destruiu a casa do casal. Eles mudaram então para Correggio, na província de Reggio Emilia. Nesse período, Cianciulli teve inúmeros problemas com a justiça, e passou por diversas vezes, na prisão.

Leonarda Cianciulli, na época de seu casamento.
Leonarda engravidou ao todo 17 vezes, porém sofreu três abortos espontâneos e perdeu dez de seus filhos por causa naturais, ainda pequenos. Ela protegeu os quatro sobreviventes, principalmente seu favorito, o primogênito Giuseppe. Os outros filhos eram: Bernardo, Biagio e a única menina, Norma.


Leitura de mão e visões da Virgem Maria.

Uma cigana que leu a mão de Cianiulli disse que em sua mão direita estava a prisão, e na esquerda estava o manicômio judiciário. Parece que a única coisa que a cigana não viu foi guerra. Em 1939, o filho mais velho de Leonarda, Giuseppe, cursava literatura na universidade de Milão, mas estava com idade suficiente para prestar serviço militar. Ele consequentemente lutaria no fronte de batalha. Leonarda estava desesperada com o risco que o filho correria e alegou ter sido visitada pela Virgem Maria, que teria ordenado que ela sacrificasse humanos para poupar a vida do filho. As suas vítimas seriam três mulheres solteiras da vizinhança.

O primeiro crime, Leonarda mata Faustina Setti.

Faustina Setti

Leonarda atraiu Faustina Setti, uma mulher solteira que havia perdido uma filha anos antes, prometendo-lhe arranjar um marido usando quiromancia. Ela afirmou que encontrou o homem ideal em Póla, Croácia, e que Faustina deveria ir para lá. Ela pediu que a moça mantivesse segredo, mas enviasse cartões postais e cartas para a família e amigos, que seriam postados assim que ela chegasse à Póla. No dia marcado para a viagem, Setti foi visitar Cianciulli pela última vez. Leonarda ofereceu-a uma taça de vinho com remédio para dormir, afim de drogar a mulher. Setti dormiu, e foi brutalmente morta com um machado. Cianciulli picou o corpo em nove pedaços, recolheu o sangue em uma bacia. Jogou os pedaços em uma panela, adicionou soda cáustica até dissolver tudo em uma pasta espessa e jogou em um tanque séptico. Depois ela aguardou o sangue coagular, secou ao forno, desidratou e misturou à farinha de trigo, ovos, manteiga, açúcar, chocolate, cravo, canela e leite, formando uma a massa de um bolo, que Leonarda assou e distribuiu aos vizinhos. Ela e sua família também comeram o bolo de sangue. Leonarda provavelmente recebeu 30 mil liras de Satti, como pagamento de seus serviços.

Material usado pro Cianciulli

Leonarda mata Francesca Soavi.

Francesca Soavi.

Francesca Soap Soavi também foi atraída por Cianciulli. Ela era professora, e Leonarda lhe disse que havia um emprego de diretora, esperando por ela, em Florença. Assim como Satti, Francesca foi persuadida a escrever cartas aos parentes e amigos, dizendo que estava tudo bem e a manter tudo em segredo. Ela nunca chegou à Florença, pois Cianciulli a assassinou. Em 05 de setembro de 1940, Soavi foi atraída para uma última visita. Francesca bebeu vinho com sonífero, oferecido por Leonarda, adormeceu e foi morta com um machado. Ela também foi pra penela, virando sabão e bolo de chocolate. Leonarda apoderou-se de 3.000 liras de sua segunda vítima. Ela também destribuiu sabão aos vizinhos.
Terceira vítima.

A soprano Virginia Cacioppo.

Virginia Cacioppo era uma cantora (soprano) de ópera, nascida em 17 de junho de 1881. Ela estudou no Milan Conservatory, e iniciou-se na carreira musical em julho de 1904, no Teatro Valli de Reggio Emilia. Em 1940, Cacioppo conheceu Cianciulli e também foi atraída pelas propostas da mulher. Cianciulli, novamente, persuadiu sua cliente a não contar nada para ninguém e a escrever cartas e cartões para os familiares e amigos.  Cacioppo estava ansiosa para novamente voltar ao mundo da música, e viu uma ótima oportunidade em Leonarda, que disse que havia um emprego de secretária, para um misterioso empresário musical. Virgínia foi morta nas mesmas circunstâncias, em 30 de setembro de 1940, aos 53 anos de idade. Como as outras ela foi para a panela, e Cianciulli referiu-se a ela como uma mulher doce, devido à sua carne gorda e macia.

Panela usada por Leonarda para derreter suas vítimas.

Prisão e julgamento.

Mugshot de Leonarda Cianciulli.

Apesar das restrições de Leonarda, de não contar nada à ninguém, Virgínia contou sobre sua amizade com Cianciulli para sua cunhada, Albertina Fanti, que estranhou o sumiço de Virgínia. Ela viajou de Nápoles até Correggio. Ela fez uma pequena investigação e soube sobre os outros desaparecimentos. Albertina denunciou o caso á polícia de Reggio Emília abriu um processo contra Leonarda. Policiais foram até a casa de Cianciulli e encontrou jóias de Virgínia. Haviam também fraudes e desvio de verba. Leonarda foi levada presa e confessou sem esitação os três assassinatos.

Leonarda contou sobre suas visões: Sua mãe ou/e a Virgem Maria apareciam para ela, dizendo que, para que seus filhos não morressem, ela deveria derramar sangue inocente.

Julgamento de Leonarda Cianciulli.
Os policiais desconfiavam que Giuseppe havia participado dos crimes, pois Leonarda era uma mulher de baixa estatura e de idade, e provavelmente não teria força para esquartejar cadáveres. Leonarda saiu em defesa do filho, afirmando que ela era a única responsável pelos assassinatos. Levara-a para um necrotério, onde ela, com facas, esquartejou um corpo em 12 minutos. Giuseppe foi declarado inocente.

Leonarda Cianciulli no manicômio judiciário.

Leonarda foi declarada culpada dos três assassinatos e condenada a 30 anos de detenção em uma prisão, e mais três anos em um manicômio judiciário. Leonarda Cianciulli morreu em 15 de outubro de 1970, em decorrência de apoplexia cerebral, no manicômio judiciário feminino de Pozzuolli. Suas ferramentas na fábrica de sabão, estão no Museo Criminologico, em Roma.

Os objetos de Leonarda, no museu de criminalística de Roma.

3 comentários:

  1. me lembrou do fictício Grenouille de 'O Perfume - a história de um assassino'.

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  2. Ainda não tive a oportunidade de assistir esse filme, Juliana, mas me parece muito interessante, e assim que puder o verei. Houveram boatos que os nazistas transformaram alguns judeus em sabão, durante a chamada "solução final". Mas não se sabe se isso foi real ou só mais um mito. Seja como for, está aí! Abraços!!!

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