9 de mai. de 2012

Edward Theodore Gein, o Monstro de Plainfield.





17 de novembro de 1957, a polícia de Plainfield, no Wisconsin, investiga o misterioso desaparecimento de Bernice Worden, 59 anos. Os policiais tinham um principal suspeito, Edward Gein. Ele havia sido o último cliente da loja de ferragens onde Bernice trabalhava. Vizinhos o avistaram rondando a região.

Bernice desapareceu na noite anterior, 16 de novembro, um sábado. Seu filho, Frank Worden, xerife substituto da cidade, voltava para casa depois de passar o dia caçando. Ele morava com a mãe. Ao aproximar-se da loja de ferragens, estranhou ver tudo fechado e as luzes apagadas. Após uma breve olhada pelo local, Frank percebeu que a caixa registradora havia sido levada e havia poças de sangue com marcas de pegadas no chão. Por sua experiência como policial, temeu o pior. Foi até o balcão e verificou as notas de vendas daquele dia.


Entre elas, uma chamou a atenção: A nota de venda de um galão de anticongelante feita com a letra de sua mãe, no nome de Edward Theodore Gein. Rapidamente, Frank ligou os pontos e se recordou de Gein, um sujeito solitário. Eddie havia conversado com Frank durante o ano, por diversas vezes, sempre de um jeito tímido e quase infantil. Nesse momento, Frank lembrou-se de ter contado ao “amigo” seus planos de ir caçar naquele dia.

Loja de ferragens da família Worden
Frank saiu apressado, conversou com um atendente de uma garagem local. O rapaz disse ter visto uma caminhonete indo embora da loja as 9h da manhã daquele dia. Frank chamou o xerife Schley, para quem relatou suas suspeitas e preocupações. Os dois resolveram ir até a fazenda de Gein, nem que fosse somente para ver sua rotina.
Bernice Worden
Na Fazenda, algo chamou a atenção dos policiais: O local estava degenerado, dando um ar de abandono. Eddie não estava em casa no momento e tudo estava trancado. Frank e Schley resolveram procurar pelas redondezas, achando Eddie em uma quitanda, onde jantava com os proprietários do lugar.

O xerife Schley, reconhecendo Eddie, pediu que ele entrasse na viatura, pois precisava conversar com ele um assunto muito sério. Gein respondeu mal: Disse que ninguém teria provas para incriminá-lo do assassinato de Bernice Worden. Até o momento, ninguém tinha citado o nome de Bernice, nem que estava desaparecida. Os xerifes nem ao menos sabiam que ela havia sido assassinada. Ed Gein, por falar o que não devia, se entregou. Os policias o prenderam.

Schley e Frank conduziram Gein até sua residência, para fazer uma revista no local. Ele nem imaginavam o cenário horrível que encontrariam e a quantidade de evidências bizarras contra Ed. Dentro da casa havia uma grande quantidade de lixo em decomposição. O cheiro era insuportável. Arthur Schley seguiu para a cozinha, onde sentiu algo encostando em sua jaqueta. Como estava escuro, Schley pensou tratar-se de uma carcaça de veado, pendurada em um gancho de carne. Pouco depois Schley percebeu que a carcaça não era de veado, mas sim um cadáver humano. Mais especificamente, o cadáver de Bernice. 


 



Cadáver de Bernice, pendurado em um gancho de açougue.
O corpo estava pendurado em um gancho de carne pelo pés. Bernice havia sido decapitada, tendo seu ventre e tórax abertos, em um longo corte vertical, suas vísceras retiradas e foram encontrados, junto com a cabeça, em uma caixa. Seu coração estava em um prato, sobre a mesa de jantar, além de outras partes que, juntas, eram cozidas em uma grande panela no fogão. A casa estava escura, os policiais precisaram fazer uso de lanternas. 



Fotos da cabeça de Bernice Worden.

As pilhas de lixo tomavam formas e várias partes de cadáveres estavam caídas por vários lugares da casa. Os policiais apreenderam vários itens confeccionados de forma bizarra:

  • Uma poltrona revestida com pele humana;
  • Genitálias femininas salgadas e conservadas em uma caixa de sapatos;
  • Um cinto feito com mamilos;
  • Uma cabeça humana; Quatro narizes;
  • Um coração humano;
  • Um terno feito inteiramente com pele humana;
  • Uma mesa cujos pés eram escorados por tíbias humanas;
  • Nove máscaras mortuárias feitas com faces de mulheres mortas, usadas como decoração no quarto;
  • Pulseiras feitas de pele humana;
  • Uma bolsa feita de pele humana;
  • Um par de calças feitas com pele humana;
  • Quatro cadeiras forradas com pele humana entrelaçada;
  • Uma caixa de sapatos contendo nove vaginas salgadas, sendo uma pintada de prata (era a de Augusta Gein, mãe de Eddie);
  • Uma cabeça humana pendurada em um cabide;
  • Cabeças humanas encolhidas;
  • Dois crânios enfeitando os pés da cama de Gein;
  • Dois lábios humanos dependurados em um barbante, usados como puxador de cortina;
  • Um crânio, cuja coroa foi transformada em prato de sopa;
  • Uma geladeira cheia de órgãos humanos;
  • Cúpulas de abajur feitas de pele humana;
  • Cabeças recheadas com papel e expostas como troféus;
  • Um sutiã feito com um torço humano feminino;
  • Uma camiseta feminina feita com pele humana.
Máscara mortuária, encontrada na casa de Gein.
 
Calcula-se que partes de quinze cadáveres foram encontradas na casa de Gein.

Uma infância turbulenta.

Edward Theodore Gein nasceu em 27 de agosto de 1906, em La Crosse, Wisconsin. Filho de Augusta e George Gein, Eddie era o segundo de dois filhos, o primeiro foi Henry, nascido sete anos antes de Eddie.

Augusta era uma mulher obcecada pela religião e estava determinada a doutrinar seus filhos de acordo com um rígido código de moral. Ela pregava os ensinamentos da bíblia diariamente aos meninos, e os alertava sobre os pecadores do mundo. Augusta também desencorajava seus filhos a se aproximarem sexualmente de mulheres, pois, segundo ela, as mulheres eram um berço de imoralidade e um atalho para o inferno.

Augusta era dominadora, difícil e acreditava que seu ponto de vista era absolutamente verdadeiro. Ela não teve dificuldades em conseguir impor seus preceitos ao marido e aos filhos. George era um alcoólatra crônico e não tinha nenhuma voz ativa na criação de Henry e Eddie. Augusta o menosprezava e humilhava, tratando-o como alguém sem nenhum valor, sem aptidão para se fixar em um emprego e muito menos para ajudar na criação dos filhos.

Ela tomou para si a responsabilidade de cuidar dos filhos da maneira que quisesse e também de promover o sustento da família. Eddie tinha um imenso medo de ficar igual ao pai.

Augusta abriu uma mercearia em La Crosse, no ano em que Eddie nasceu. O negócio rendeu bons frutos e a família pode juntar um bom dinheiro e viver de forma confortável. O dinheiro do trabalho duro fez com que Augusta realizasse seu maior plano: mudar toda a família para uma área mais rural, protegendo, assim, seus filhos das imoralidades pecaminosas da cidade grande. Em 1914, os Geins se mudaram para Plainfield, Wisconsin para uma fazenda de aproximadamente 40 hectares de terra. Os vizinhos mais próximos estavam a quase um quilômetro de distância, assim, Augusta acreditava poder impedir os filhos de ter contato com os “pecadores”.

Uma coisa, porém, atrapalhou os planos de Augusta de deixar os filhos longe dos outros: Os meninos precisavam freqüentar a escola. Eddie tinha um desempenho escolar razoável, embora fosse um leitor hábil. Seus livros favoritos eram os de fantasia. Eles permitiam que Eddie viajasse em suas imaginações e esquecesse o mundo.

Ed Gein não se dava muito bem com os colegas de classe, pois era tido como estranho, além de ser afeminado. Eddie ficava triste com o fato de sua mãe proibir amiosades, porém nunca sentiu raiva dela, ao contrário, via isso como uma forma de carinho. No entanto, Augusta raras vezes tratava os meninos com carinho. Muitas vezes os agredia verbalmente, com medo de eles seguirem o mesmo caminho do pai e se tornassem alcoólatras. Durante a infância e a adolescência, os dois irmãos só tinham a companhia um do outro.

Em 1940, George Gein falece. Henry e Eddie decidiram fazer biscates para ajudar financeiramente em casa. Henry era um ótimo trabalhador braçal e um sujeito de caráter, alguém que Eddie sempre quis imitar. Os dois eram considerados bons rapazes e muito confiáveis. Eddie tinha como trabalho favorito o de cuidar de crianças. Ele as achava adoráveis e fáceis de conversar e se relacionar amigavelmente. Muitos vizinhos deixaram seus filhos aos cuidados de Eddie.

A suspeita morte de Henry e o falecimento de Augusta.

Henry se mostrou cada vez mais perturbado pelo apego doentio de Eddie pela mãe. Ele chegou a criticar as atitudes e o fanatismo de Augusta abertamente, o que deixava Eddie chateado e furioso com o irmão. Eddie estava apegado com a mãe de certa forma, que seguia tudo o que ela determinava. Ele a via como um exemplo de bondade, muito diferente das outras mulheres. Henry caçoava Eddie de ser o “filhinho da mamãe”, ria e zombava dele.

Em 16 de maio de 1944, Eddie e Henry lutavam desesperadamente contra um incêndio que queimava próximo demais a fazenda. Os dois decidiram que a melhor maneira de controlar o fogo era cada um apagar uma parte. Eles seguiram para direções diferentes. Em meio ao fogo e a noite que caía, Eddie perdeu seu irmão de vista. Ele não se preocupou com isso, pois sabia que seu irmão estava ajudando a controlar o fogo do outro lado. Porém, tudo mudou depois que o fogo foi extinguido e Henry não apareceu. Eddie decidiu chamar a polícia.

A polícia organizou um grupo de busca para localizar Henry. Algo estranho aconteceu: Eddie levou os policiais até o corpo de Henry. Henry estava caído em um pedaço de terra, onde o fogo havia queimado o mato. Ele tinha diversas escoriações e hematomas na cabeça. Mas tarde, legistas determinaram a causa da morte: asfixia.

Agora só restava Eddie e sua amada mãe, mas ele não a teria por muito tempo. Augusta sofreu uma série de derrames cerebrais e faleceu em 29 de dezembro de 1945. Eddie ficou abalado, muito abalado, com a morte de Augusta, a única mulher que ele amava. Agora ele estava completamente sozinho no mundo.

Eddie permaneceu morando em sua fazenda, levando uma vida solitária. Dependia de pequenos biscates para se manter. Eddie manteve o quarto de sua mãe intacto e sempre o limpava e arrumava. Ele passou a dormir em uma salinha, próxima a cozinha. A partir daí, o lixo começou a se acumular pela casa, mas Eddie não ligava, contudo se o quarto de Augusta estivesse arrumado.

Foi por esse período que Eddie Gein passou a reservar suas horas ao hábito de ler. Assuntos macabros o interessavam. Em sua casa, havia vasta coleção de revista e livros sobre o holocausto, livros sobre os hábitos de caçadores de cabeças de certas tribos. Também haviam revistas pornográficas, livros e enciclopédias de anatomia e histórias de horro e naufrágios.

Um hábito estranho.

O gosto pela anatomia feminina tomava cada vez mais conta de Eddie. Ele aprendeu lendo a técnica de encolher cabeças, praticados pelo headhunters* de certas tribos. Eddie adorava histórias bizarras e, muitas vezes, contava algumas para as crianças que tomava conta. Ler jornais locais também fazia parte de sua rotina, principalmente a seção de obituários.
Cabeças encolhidas, o estranho costume dos headhunters (não são as da casa de Ed)
Foi pelos obituários que Eddie tomava conhecimento das mulheres que morriam recentemente. Ele, que nunca teve contato com uma mulher na vida, decidiu desfrutar da companhia do sexo oposto. Para tal, iniciou visitas noturnas a cemitérios, exumando cadáveres. Eddie jurou que nunca fizera sexo com o cadáver, pois eles cheiravam muito mal. Seu gosto maior era pela pele delas. Escalpelar-las e confeccionar roupas com a pele se tornou um prazer para ele. Eddie estava curioso e ansioso em saber como era ter seios e vagina e, muitas vezes, sonhava em ser mulher. Ele era fascinado pelo domínio e superioridade que as mulheres tinham sobre os homens.

Eddie adquiriu uma macabra coleção de partes de corpos. Certa vez, um rapaz do qual Eddie tinha tomado conta por algumas ocasiões o visitou em sua fazenda. Eddie o mostrou sua coleção de cabeças encolhida, afirmando que elas eram relíquias de tribos dos Mares do Sul, feitas por headhunters.

Quando o menino relatou o fato às pessoas próximas a ele, todos acharam que a história era fruto da imaginação do garoto. Porém, mais tarde, outros dois jovens também viram as cabeças encolhidas na casa de Eddie, isso justificou a história do menino, mas todos achavam se tratar de enfeites de halloween. Rumores começaram a circular por toda cidade sobre as estranhas manias e costumes que Eddie possuía.

No entanto, ninguém tratou do assunto com seriedade até o desaparecimento e assassinato de Bernice Worden. Eddie foi muitas vezes perguntado sobre as tas cabeças. Ele apenas sorria de jeito tímido ou fazia referência de tê-las em seu quarto. Talvez as pessoas não quisessem acreditar na verdade, pois Não parecia que Eddie Gein fosse capaz de matar alguém ou manter itens bizarros em sua casa.

Desaparecidos.

Do final da década de 40 até o inicio da década de 50, a polícia de Wisconsin começou a estranhar os misteriosos desaparecimentos de pessoas. Houve quatro casos que deixaram os policiais perplexos.A primeira a desaparecer foi uma ameninas de 08 anos, Georgia Weckler. Ela desapareceu enquanto voltava da escola em 1º de maio de 1947. Moradores formaram mutirões, com a ajuda de policias, vasculhando a extensão de 10 quilômetros em Jefferson, Wisconsin, na esperança de encontrar e menina. Infelizmente, Geórgia nunca mais foi vista. Não haviam suspeitos, apenas uma pista: marcas dos pneus de um carro da marca Ford. O caso foi arquivado como sem solução, sendo aberto mais tarde, quando Gein foi condenado por assassinato.


Georgia Weckler.


Mutirões de buscas para tentar encontrar Georgia.


Evelyn Hartley, 15 anos, trabalhava como babá, quando desapareceu misteriosamente em La Crosse. Seu pai tentou ligar por várias vezes para a casa onde ela trabalhava, porém ninguém atendia ao telefone. Ele seguiu imediatamente até a casa. Bateu na porta várias vezes, mas não houve resposta. Ao olhar por uma janela, ele pode ver os óculos e o par de sapatos da filha abandonados. Desesperado, tentou abrir a porta, mas ela estava trancada. Tentou as janelas, mas elas também estavam trancadas. A única janela aberta era a do porão. Nela havia manchas de sangue secas e, lá dentro, sinais de uma intensa luta. Ele imediatamente chamou a policia. Os policiais conseguiram entrara na casa. Encontraram mais sinais de luta. Havia uma marca de arrastamento no gramado e uma marca de mão com sangue na casa de uma vizinha. Uma pesquisa pela região foi feita, porém Evelyn nunca mais foi vista. Dias depois, policiais encontraram roupas ensangüentadas pertencente a Evelyn. 
Evelyn Hartley.


Em novembro de 1952, Victor Travis e Ray Burgesse pararam para tomar um drink em um bar em Plainfield, antes de saírem para caçar veados. Eles ficaram horas no bar, depois seguiram de automóvel para nunca mais serem visto. Uma pesquisa em massa foi feita, mas não se encontrou nem vestígios dos dois.

Mary Hogan. 

No inverno de 1954, um cliente encontrou a taverna que costumava freqüentar vazia. Ele notificou a policia o desaparecimento da taberneira, Mary Hogan. Havia uma grande poça de sangue no chão e um cartucho de calibre 32 caído ali perto. As manchas eram de arrastamento, levando até a porta dos fundos, até marcas de pneus de, provavelmente, uma caminhonete. Apesar das conclusões, de que a vítima teria sido baleada ali e arrastada até um carro, de onde foi levada embora, nenhuma pista foi encontrada. Ninguém percebeu, mas, fisicamente, Hogan parecia com Augusta Gein. Não passava pela cabeça de ninguém que Ed Gein fosse um assassino. Ele era tido como um homem inofensivo. Seria impensável ligá-lo ao crime. A única ligação entre esse caso e os outros desaparecimentos era que todos ocorreram próximos a Plainfield.


Mary Hogan. 
Buscas na casa de Ed. 

Voltemos aos fatos após a descoberta do cadáver de Bernice Worden

Em 17 de novembro de 1957, após a descoberta do corpo de Bernice e dos restos mortais de outras mulheres que foram desenterradas, a policia começou uma intensa busca por corpos na fazenda de Gein. Eles acreditavam que Gein poderia está envolvidos em outros assassinatos e que as vítimas estariam enterradas no quintal. Enquanto as buscas por mais corpos era realizadas na casa de Eddie, Gein dava seus depoimentos na cadeia de Wautoma, Wiconsin. A principio, Eddie afirmou não ter culpa em nenhum dos assassinatos. Após um dia de silêncio, acabou confessando e detalhando como ele assassinou a senhora Worden e onde havia conseguido as partes de cadáveres que estavam em sua casa. Gein alegou que não se lembrava muito dos detalhes, pois sua cabeça estava em confusão antes, durante e depois dos assassinatos. Porém, ele lembrou de como arrastou o corpo de Bernice até a caminhonete, levando também a gaveta da caixa registradora, no entanto, ele não se lembrava de ter atirado na cabeça de Bernice. A necropsia demonstrou que a causa da morte foi ferimento a bala na cabeça, mais especificamente de uma bala calibre 32. 


Fachada da casa de Gein.
Quando perguntado sobre as outras partes cadavéricas encontradas em sua casa, Eddie disse que eram frutos de exumações noturnas, realizadas por ele e seu amigo, Gus, que no momento estava internado em um asilo. Eddie nunca revelou a Gus quais eram suas verdadeiras intenções com os cadáveres, pelo contrário, afirmava tratar-se de experimentos médicos. Eddie afirmava nunca ter assassinado ninguém, somente a senhora Worden. 


O deplorável estado da casa de Gein. 

A cozinha da casa.

 

Policial analisa itens de Gein.

 




Perito aponta o local onde se encontrava o gancho de carne, onde o corpo de Bernice estava pendurado.

Quarto de Augusta Gein, a única parte arrumada da casa.
Crânio transformado em tigela de sopa. A mandíbula foi invertida para manter o crânio de pé.
Após alguns dias de interrogatório, Ed Gein admitiu ter assassinado Mary Hogan. Novamente ele alegou ter uma confusão mental e não se recordava direito como foi. Só se lembrava de ter atirado na Senhora Hogan. Eddie Gein não demonstrava sinais de arrependimento ou remorso. Algumas vezes, enquanto falava de seus crimes, até ria. De certo modo, Ed não enxergava a gravidade de seus crimes.


Gein sendo levado para a cadeia.
Eddie colhendo impressões digitais.
   
Digitais de Gein.
Jan Beck, do instituto de criminalística carrega a caixa registradora afanado por Gein após o assassinato de Bernice Worden.

O assassinato de Mary Hogan.

Era 8 de dezembro de 1954, Eddie Gein entrou na taverna Hogan, após esperar que Mary Hpogan ficasse sozinha para por seus planos em prática. Ed rapidamente atirou em Hogan com uma arma calibre 32 e arrastou o cadáver para a caminhonete. Não foi visto em momento nenhum.
Taverna de Mary Hogan

Gein recortou o cadáver. Guardou a pele para confeccionar sua próxima vestimenta. Suas “roupas” de pele humana afloravam sua feminilidade. Recortou a genitália de Mary e guardou em uma caixa de sapatos. Guardou também alguns ossos, pois pretendia renovar os pés de mesas e cadeiras. Usaria parte da pele para renovar o assento de um sofá e de algumas cadeiras. Apanhou alguns “miúdos” e foi preparar o “jantar”.

Desenterros.

Ed Gein não se importava com sua casa, somente com o quarto da mãe, que estava sempre arrumado, limpo e trancado á chave. O lixo e o mau cheiro se espalhavam pela casa. Gein tinha prazer em ler jornais, principalmente a seção de obituários. Era necessário saber qual foi a última morte de uma mulher na cidade, e um cadáver ainda fresco seria escolhido. Gein acreditava que a aproximação com mulheres mortas não incomodaria o espírito da mãe, pois para augusta “mulher boa era mulher morta!”. Essas não fariam Eddie pecar e ele não trairia a memória da mãe.

Eddie e Gus desenterravam cadáveres recém sepultados no cemitério de Wisconsin. Gein os levava para casa, dessecava-os e guardava algumas partes como cabeças, órgãos sexuais, fígados, corações e intestinos. A idade das mulheres era, quase sempre, próximas a idade de sua mãe no momento da morte.

Apartir de um momento, a insanidade de Eddie tomou tal proporção, que ele passou a usar pele humana para confeccionar “roupas”, em volta de um velho manequim de alfaiate. Em algumas noites, ele realizava um estranho ritual vestido com essas roupas: pulava, dançava e dava cambalhotas esquisitas em volta de sua casa. Sua parte favorita do cadáver era a genitália. Após desenterrar o corpo, Ed brincava e afagava as partes íntimas. Rechiava calças femininas com genitálias, para sentir-se mais feminino. Tinha esperança de juntar dinheiro para trocar de sexo.

Ed vivia cada vez mais isolado, mas não dava bola pra isso. Ele havia desenterrado o cadáver da mãe, guardando a genitália pintada de prata em uma caixa de sapatos, junto com outras. Às vezes conversava com o cadáver de Augusta.

Exames psiquiátricos. 

Eddie Gein foi submetido a uma série de exames psiquiátricos. Durante seu julgamento, foi sugerida a hipótese de insanidade. Após uma bateria de testes psicológicos, concluiu-se que Ed era emocionalmente e mentalmente prejudicado. Psiquiatras e psicólogos afirmaram que Ed era esquizofrênico e sexualmente pervertido, portador de uma “psicopatia sexual”. Sua condição foi atribuía à relação doentia e fanática para com sua mãe. Os sentimentos conflitantes tomaram conta de Gein, que sentia atração por mulheres, porém reprimia esse desejo, numa atitude não natural para não desagradar a mãe. Essa relação de desejo e ódio para com as mulheres acabou progredindo e se desenvolvendo em uma psicose.
O sorriso tímido do "Velho e estranho Eddie".
As buscas na fazenda de Eddie prosseguiram. Os policiais acharam partes dos corpos de 10 mulheres. Eddie afirmou se tratar de mulheres desenterradas do cemitério. Porém os policias estavam um tanto céticos, e suspeitavam que Eddie poderia ter matado todas as pessoas ali encontradas. A única forma encontrada para verificar a versão de Ed foi visitando túmulos do cemitério de Wisconsin, dos quais, segundo ele, teria desenterrado os corpos. Depois de controversas e debates sobre ser correto ou não cavar as sepulturas, a policia conseguiu autorização verificar as covas do cemitério. Os caixões desenterrados dos túmulos sinalizados por Eddie mostravam claros sinais de adulteração. Na maioria dos casos, o corpo ou partes dele estavam ausentes. Não haveria outras descobertas na fazenda de Eddie que determinasse a culpa dele em outros assassinatos. Em 29 de novembro, investigadores encontraram um esqueleto enterrado na fazenda de Ed. Acreditava-se tratar de um esqueleto masculino, possivelmente de Victor Travis, mas exames posteriores comprovaram que se tratava de um esqueleto feminino, possivelmente uma mulher de porte grande, outro suvernir do cemitério de Wisconsin. Após a tentativa de implicar Eddie nos desaparecimentos de Victor Travis, Georgia Weckler e Evelyn, mas só conseguiram acusá-lo nas mortes de Bernice Worden e Mary Hogan.
Buscas das covas vandalizadas no cemitério de Plainfield.
Ed auxiliando nas buscas dos túmulos. 
Plainfield ganha as manchetes de jornais. 

Quando as bizarras descobertas na casa de Ed chegaram à mídia, a pequena cidade de Plainfield foi tomada de repórteres. Todo os EUA voltaram sue olhos para a pequena cidade e Eddie ganhou status de celebridade. A população estava aterrorizada pelo caso, mas, ao mesmo tempo, se sentia atraída. Psicólogos de todo o globo tentaram entender o caso, um dos mais noticiados na década de 50. Era algo quase inédito, um crime envolvendo necrofilia (apesar de Ed nunca ter confessado manter relações com cadáveres), travestismo e fetichismo. Bizarrices, assassinatos e suspeitas de canibalismo. Um prato cheio para reportagens sensacionalistas. As pessoas, principalmente crianças, passaram a fazer piadas sobre o caso. Como sugeriu o autor Harold Schechter, em seu livro Deviant: “tais piadas era uma forma de exorcizar o pavor com o riso”. Essas anedotas ficaram conhecidas como “Geiner jokes", e rapidamente se tornaram populares por todos os Estados Unidos. 


Noticias sobre o crime de Gein. 
Os moradores eram bombardeados com perguntas sobre a vida e os hábitos de Ed. As pessoas já estavam ficando incomodadas. A maioria dos moradores conhecia Ed por causa dos trabalhos que ele realizava na comunidade. Ele era tido como um sujeito bondoso, tímido e sempre prestativo. Muitos o chamavam de “o velho e estranho Eddie” pelo fato dele viver distante dos demais e preferir a solidão de sua casa. Nunca ninguém imaginaria que aquele sujeito teria a frieza de desenterra pessoas e muito menos de cometer assassinatos. Só haviam coisas boas para se dizer dele. Plainfield agora era vista somente como o lar do estranho e infame Eddie, isso trouxe certa má fama para a cidade

Gein passou um mês em uma insittuição mental e foi avaliado como mentalmente incapaz. Sendo assim, não poderia ser julgado como uma pessoa comum. O povo de Plainfield automaticamente expressou raiva por isso. Eles queriam ver Eddie copndenado pelas mortes de Bernice e Hoden, porém a opinião pública em nada influenciou o destino de Gein. Eddie foi internado no Hospital Central de Waupun, Wincosin. Pouco tempo depois da internação de Ed, sua fazenda iria a leilão.

Muitos curiosos foram para Plainfield, afim de presenciarem o leilão dos pertences de Gein. Alguns móveis, instrumentos musicais e até mesmo o carro de Gein foram leiloados. A empresa responsável pelo leilão aproveitou a grande massa de curiosos e decidiu cobra 50 centavos para quem quisesse ver a propriedade e os pertences do velho e estranho Eddie. Os cidadãos da pequena Plainfield ficaram indignados com a atenção voltada para Gein. A casa estava sendo transformada em uma espécie de museu dos horrores e como já não bastasse a morte de pessoas e a violação de túmulos de outras, a cidade estava ficando com má fama. As pessoas queriam, de um jeito ou de outro, que um fim fosse dado naquilo. A empresa responsável pelo leilão foi proibida de cobra os ingressos para a visualização da casa, porém isso não satisfez a população.

Incêndio. 

20 de março de 1958, madrugada. A casa que pertenceu a Eddie Gein estava sendo consumida pelas chamas. O departamento de bombeiros foi chamado. A casa rapidamente foi queimada por inteiro.

A polícia acreditava que o incêndio foi criminoso, obra de algum incendiário e não problemas com a fiação elétrica. A polícia realizou uma investigação intensiva para tentar identificar o possivel incendiário, porém nenhum suspeito foi encontrado. Quando Gein tomou conhecimento do incêndio que destruiu sua casa, ele apenas disse um “Ainda Bem”.
Chamas devorando a casa de Gein.
O incêndio destruiu boa parte dos pertences, porém alguns itens de valor sobreviveram. O que restou dos bens foi a leilão. Ferramentas agrícolas e o Ford Sedan 1949, usado para transportar os corpos de Worden e Hogan, além dos cadáveres desenterrados, foram arrematados. O carro foi comprado pelo valor de 760 dólares, por um homem que resolveu por o veículo em exposição. O carro foi exibido em uma feira do condado, onde milhares de pessoas pagaram para ver o veículo do “Monstro de Plainfield”. O fascínio pelo caso de Ed Gein parecia está longe do fim.

Julgamento. 

Depois de dez anos na instituição mental, onde estava recebendo tratamento, foi decidido finalmente que Gein poderia ir a julgamento. O processo foi aberto em 22 de janeiro de 1968para determinar se ele tinha ou não culpa pelo assassinato de Bernice Worden e de Mary Hogan. Em 7 de novembro de 1968, Edward Theodore Gein, com 61 anos, foi levado aos tribunais.
 
 
Ed Gein, aos 61 anos, sendo conduzido ao tribunal.
 

 
Ed Gein, no tribunal.
Sete pessoas testemunharam, a maioria era formada por técnicos que realizaram os exames no corpo de Bernice Worden. O xerife e o sub-xerife também depuseram. Inúmeras provas foram levantadas contra Ed Gein, e após uma semana, o juiz chegou a um veredicto: Ed foi considerado culpado em assassinato em primeiro grau pela morte de Bernice Worden. No entanto, devido ao estado de loucura em que se encontrava no momento dos crimes, não poderia responder pelo crime. Sendo assim, foi considerado inocente por razões de insanidade e absolvido. Logo após o julgamento, Ed Gein foi escoltado de volta até o Hospital Central de Waupon, onde eram presos e tratados os criminosos insanos.

As famílias de Bernice Worden, de Mary Hogan e de todas as mulheres cujas sepulturas foram profanadas estavam indignadas com o resultado do julgamento. Ele acreditavam que Gein escapou injustamente do que era merecido para ele: Pena de morte. Mas nem o apelo e a indignação soa parentes das vítimas influenciaram na decisão do juiz.

Na prisão. 

Edward Theodore Gein passou o resto da sua vida na instituição mental. De certa forma, lá seus dias eram felizes. Gein era um preso bem comportado. Um preso modelo. Provavelmente, os dias de internação de Gein foram os mais felizes da sua vida. Eddie era bem alimentado e podia se dedicar à sua atividade favorita: a leitura. Adotou o artesanato como terapia ocupacional, criando figuras em pedra polida e confeccionando tapetes. Gostava também de conversar com psicólogos. Também desenvolveu gosto em ouvir rádio, recebendo autorização de vender seus trabalhos para compra um, mesmo que barato.
Gein sendo conduzido à prisão. 
Gein era um sujeito muito quieto e dócil, considerado um homem amável. Era um dos poucos pacientes que nunca necessitou ser tranqüilizado com medicamentos para manter a loucura sobre controle. Tirando a maneira fixa com a qual olhava as enfermeiras e outras funcionárias do sexo feminino, nada naquele homem parecia fora do comum. Ed Gein nunca deixou seu fascínio pelas mulheres.

Em 26 de julho de 1984, aos 77 anos, Edward Theodore Gein falece por causas naturais. Ele havia lutado contra o câncer durante anos. Seu cadáver foi enterrado no cemitério de Plainfield, perto do túmulo da mãe e perto também das covas, de onde Gein tirava os cadáveres. Vítimas de seu fascínio perverso. Por ter sido condenado por suas mortes, Ed Gein não se encaixa na classificação de Serial Killer do FBI. Ele e suspeito de outras 10 mortes, incluindo a do irmão e do desaparecimento de 3 pessoas.

Legado de horror. 

Em 1974, as platéias dos cinemas de todo o mundo são aterrorizadas pelo Texas Chainsaw Massacre (no Brasil: O massacre da serra elétrica, tradução feita porcamente, uma vezes que o personagem principal usava uma motosserra). O slasher** de Tobe Hopper foi considerado (e ainda é) um dos mais controversos, devido à violência explicita e o realismo cruel. Por ser anunciado como um filme “inspirado em fatos reais”, muitas pessoas acharam se tratar de um filme biográfico. Na verdade, Texas Chainsaw Massacre teve seu personagem principal, Leatherface (Cara de couro) inspirado em Gein. Armado com sua serra, e vestindo uma mascara tosca feita com pele humana, Leatherface persegue e mata pessoas para poder “alimentar sua família”, em meio a gritos (muito gritos), cortes e pessoas penduradas em ganchos de carne. Mas Texas Chainsaw Massacre não foi o primeiro filme a buscar inspiração em Gein...
Leatherface.
Em 1960: Chuveiro, cortina e... facadas, muitas facadas. O thriller*** Psycho (no Brasil, Psicose, dessa vez o nome foi traduzido ao pé da letra), dirigido pelo grande Alfred Hitchcock também apresenta inúmeros traços “Geinianos”. O personagem central da trama, Norman Bates (Anthony Perkins), assim como Gein, era um sujeito solitário e devotado à mãe. Dessa vezes, não foi a assinatura de Gein transportada para o personagem, mas sim seu comportamento. Engana-se que acha que o personagem foi criação de Hitchcock, ele se baseou no livro de Robert Block. Hitchcock comprou os direitos de Block, e adquiriu todos os livros, para evitar que alguém soubesse o final do filme. Psycho é considerado um clássico do cinema.
Cena de Psycho (1960)
Mas não acaba por aí... Thomas Harris escreveu o livro The Silence of Lambs (BR. O Silencio dos inocentes) também inspirado no caso de Gein. O livro também virou filme. Na trama, o assassino Buffalo Bill tinha como assinatura deixar casulos dentro das vítimas. Bill também tinha a mania de confeccionar roupas com pele humana e era afeminado; Fazia insanos e estranhos rituais. Nesse filme, aparece o famoso canibal e ex-psiquiátra Hannibal Lecter. Tanto Buffalo Bill, quanto Lecter foram inspirados em criminosos reais: Bill em Ed Gein; Lacter além de Gein, também foi inspirado no canibal Albert Fish e e outros. Harris assistiu inúmeras palestras com criadores de perfis do FBI para a criação dos personagens.

Ted Levine como Jame "Buffalo Bill".


Sei que não é adequado comentar isso, mas se Gein não tivesse cometido seus crimes, o mundo terror não seria como é .

*Caçadores de cabeças.
** Sub-gênero cinematográfico onde um grupo de pessoas (muitas vezes, jovens em busca de aventura) é vítima de um assassino impulsivo, psicótico ou psicopata. Os crimes não apresentam necessariamente um intervalo de tempo regular entre eles, o que os descaracterizam na maioria das vezes como crimes em série.
*** Gênero cinematográfico cujos principais elementos são o suspense, tensão e excitação. Os personagens principais são, geralmente, postos em situações onde suas vidas são ameaçadas.


Fontes:
TruTv, Crime Library;
Serial Killer - Louco ou cruel?, Ilana Casoy, Editouro, 2004;
Murderpedia;


Assista aqui: O Massacre da Serra Elétrica (completo), Psicose (trailer), O Silêncio dos inocentes (trailer).

7 comentários:

  1. Adorei,bem informativo. Parabéns;)

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  2. Parabéns por um material tão bem reunido.
    Conhecia um pouco sobre Gein,e com certeza é uma das figuras mais horripilantes que se tem notícia.
    Continuem com o trabalho,simplesmente de arrepiar!

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  3. Nossa , você me salvou de um de crenças sem fundamentos , desde muito nova , sempre acreditei que o serial killer do Texas fosse como os apresentados nos flmes ..
    Obrigada (:

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  4. Entre todas as pesquisas que ja fiz e de diversos assuntos, esse é de longe o melhor texto que ja li...de forma clara conta a historia do começo ao fim...Parabéns

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  5. nossa, realmente me ajudou muitissimo no trabalho da escola que eu estou fazendo. depois de convencer meu grupo a seguir o rumo do terror, só faltava um bom local de pesquisa, e aqui é perfeito, sério, obrigado.

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