Agora, chegamos na terceira parte da história de Peter Kürten, o Vampiro de Düsseldorf. Aqui, trataremos sobre o interrogatório, julgamento e condenação de Kürten (Você pode ler a parte um e a parte dois aqui).
Kürten é interrogado.
Levado para a delegacia,
ele foi interrogado, narrando sobre todos os roubos, incêndios, assaltos e
ataques que realizou. Os detetives ouviam os relatos e tratavam os detalhes com
muita cautela. Era inadmissível cometer mais erros.
A indignação pública era
geral. Tanto pelo fato de que os erros policiais custaram as vidas de mais
pessoas, tanto pelo fato de um inocente, Stausberg, está preso,cumprindo
sentença por crimes que ele nem cometeu. Quando Stausberg havia sido preso, por
ter confessado os crimes de fevereiro, ninguém investigou sua culpa a fundo.
Ninguém ligou para o fato de Stausberg ser insano. A sede de encerrar o caso
foi maior.
Uma hora depois da
detenção, Peter foi levado para os locais onde cometeu os assassinatos. Foi
permitido ao assassino assumir a liderança das buscas. Peter guiou os policiais
pelos mesmo atalhos pelos quais passou, deu instruções sobre onde abandonou os
cadáveres e onde e como os ataques ocorreram. Durante essas expedições pelos
locais dos crimes, ficou claro aos policiais que Peter era o assassino. ele
descreveu detalhes dos crimes que só a policia sabia. Agora parecia que a
policia poderia respirara aliviada. Peter declarou que um de seus objetivos ao
cometer os crimes era chocar as pessoas, por isso ele tentava cometer os crimes
da forma mais horrível possível. Além, é claro, do prazer causado pela
violência e o sangue que jorrava das ferida, ingerido por Peter.
Depois de terminada a
"turnê" pelos locais do crime, Peter foi levado para o quartel de
Policia de Düsseldorf, onde foi posto frente a frente com Maria Buttliez e
Gertrud Schulte. Ao vê-las, ele empalideceu. Seguiu-se o interrogatório.
A investigação
preliminar durou meses. Kürten agiu por todo o tempo com uma serenidade
imperturbável, impecável. Ele não aparentava ser o assassino que era. Médicos
queriam examinar sua mente, para tentar descobrir se ele era portador de algum
transtorno mental, mas Peter foi contra. Ele queria auxiliar a policia dando
instruções. Peter acabou sendo submetido a testes psiquiátricos mesmo contra
sua vontade. Ele informou aos policiais onde guardou on troféu de duas vítimas
(O relógio de Maria Hahn e o anel de Ida Reunter). Também informou a
localização de dois martelos novos,que ele havia escondido no campo e só pelas
informações de Kürten foi que a policia conseguiu o martelo quebrado, usado no
ataque contra a Sra. Wanders, cuja cabeça voou em direção à arbustos. Os
martelos novos, Peter escondeu para ataques futuros. Peter confessou três
homicídios, pelos quais era inocente. Mais uma vez seu narcisismo e sua vontade
em espantar o povo falou mais alto. Os policiais estavam céticos quanto a isso
e acabaram descobrindo que tudo era uma mentira.
Outros pontos que
chamaram a atenção é que Peter negou firmemente que havia sofrido de colapsos
mentais enquanto praticava seus crimes, ao contrário do que tinha falado à sua
esposa. ele também tentou dar um motivo mais "justo" aos seu atos:
Vingança contra a sociedade que o havia encarcerado mesmo sendo inocente. Peter
negou que seus crimes foram praticados por impulso sexual.
Tudo mudou em 27 de
junho de 1930. Kürten de repente, mudou seu depoimento e retirou sua confissão.
Ele se dizia culpado apenas dos incêndios, estrangulamentos e estupro,
afirmando que nenhuma de suas vítimas morrera. Dizia ele ter confessado os
crimes do Vampiro apenas para dar uma condição financeira confortável para a
esposa. seria essa uma tentativa desesperada de salvar sua pele? Apesar dessa
reviravolta no caso, havia muitas provas que o incriminavam, sendo quase
impossível, agora, convencer alguém do contrário. Em agosto, Peter confirmou
suas antigas confissões de assassinato. Peter aguardava julgamento em prisão
preventiva. Ele confiou sua defesa ao advogado Dr. Alex Wehner. Ele era um
prisioneiro exemplar e bem comportado, muito diferente do Peter de antigamente,
entretanto muitos guardas da prisão não gostavam dele.
No natal de 1930, Peter
enviou um cartão comemorativo para o juiz de instrução e outro para o
presidente do Instituto Correcional.
O julgamento de Kürten.
Já era de se esperar o
resultado do julgamento. Entretanto, foi curioso ver as tentativas de defesa de
Kürten e de seu advogado. Comparável à um touro que, mesmo tendo como destino
sair morto da arena, luta bravamente em defesa própria. O fim era inevitável e
Peter sabia disso. Mesmo assim ele não parecia tenso, ao contrário de seu
advogado.
Não havia local adequado
para servir de palco para julgamento de Kürten. Era necessário um local bem
maior que o tribunal de Düsseldorf.
Decidiu-se fazer o
julgamento no ginásio da academia de policia de Düsseldorf. Para tornar o local
digno da ocasião, uma rápida reforma foi feita. Pintores, carpinteiros e
pedreiros foram contratados. Paredes provisórias foram erguidas. Era notável o
cheiro de tinta fresca no recito. O banco dos réus era cercado por um balcão de
madeira, fechado dos quatro lados. Peter ficou ali, posto em um local de
destaque.
Dr. Wolff e o advogado de Kürten conversam sobre a reabertura do julgamento de Stausberg, trancafiado em um hospício acusado dos homicídios de fevereiro. |
No julgamento, além da
imprensa alemã, dezenas de jornalistas estrangeiros estavam presentes. As notícias
sobre o assassino correram o mundo. Na noite anterior ao primeiro dia de
julgamento, uma multidão dormiu em frente ao local. As pessoas não queriam
perder nenhum detalhe. Na parte da manhã, a policia precisou isolar o local.
Em 13 de abril de 1931,
o julgamento de Peter Kürten, o “Vampiro de Düsseldorf” começou. O julgamento
duraria um total de nove dias e seria presidido pelo Dr. Rose, Juiz diretor do
tribunal federal; dois juízes distritais como assessores e seis jurados.
A acusação foi entregue
ao promotor Dr. Jansen Eichmann. O réu seria defendido por Dr. Alex Wehner.
Na platéia, além dos
inúmeros advogados, estudantes de direito e psiquiatras interessados no caso,
havia também muitas mulheres das cercanias de Düsseldorf. Todas desejavam somente
uma coisa: Ver de perto o assassino sexual que tanto medo levou à cidade.
Kürten estava bem vestido, bem barbeado e com aparência agradável. ele havia
passado até mesmo água de Köln.
As acusações contra
Peter eram de 49 casos de incêndios criminosos, nove acusações de homicídios e
sete casos de tentativa de homicídio, além do duplo assassinato cometido por
Peter aos nove anos de idade, até então, tratado como um infeliz acidente, caso
pelo qual, na época, Peter não foi julgado, até porque ele tinha 9 anos de
idade e era criminalmente irresponsável.
Quando o juiz lhe
perguntou se ele se considerava culpado de todas as acusações apresentadas,
Kürten disse em voz quase inaudível:
Quando perguntado sobre
sua juventude, Kürten, primeiramente, hesitou. Aquelas lembrançãs não lhe
pereciam muito agradáveis, mas pouco a pouco, seu embaraço foi diminuindo. Ele
foi contando sua vida, algumas vezes se enrolava e recomeçava toda a história:
"Eu nasci em
Köln-Mülheim. Meu pai era um alcoólatra crônico e um homem violento. Ele nós
expós à espancamentos terríveis. Minha infância só pode ser descrita como
o martírio ..."
Mãe de Rosa Ohlinger, vítima de Kürten (de vestido claro) caminha na direção do local onde ocorreria o julgamento de Kürten. |
No segundo dia de
julgamento, não houve público. apenas médicos e advogados puderam entrar no
tribunal. Foram reservados apenas 24 lugares para a imprensa e os repórteres
tiveram que tirara na sorte. O resto ficou do lado de fora esperando por
informações.
No terceiro dia,
começaram os depoimentos das testemunhas começando pelo policial que prendeu
Kürten, até o depoimento de Maria Buttliez. Uma após a outra, as mulheres que
sobreviveram ao ataque de Peter foram sendo ouvidas. O público esperou em vão
para ver a reação de Peter diante das mulheres que ele quase matou, mas foi
tudo em vão. Peter permaneceu calado.
Hollander van Kootwijk, chefe da Justiz Presse Centrale foi o responsável pela organização da imprensa durante o julgamento de Kürten. |
Maria Buttliez, principal testemunha de acusação no caso de Peter. Ela havia sobrevivido ao ataque do assassino e foi peça fundamental para sua captura. |
Anna Goldhausen, a moça que quase morreu após o ataque de Kürten conversa ao lado de fora da delegacia. ela precisou receber uma transfusão de sangue após set brutalmente atacada. |
Depois da prisão de Kürten, Auguste sofreu um colapso nervoso, mas estava havia se recuperado após ser internada em um hospital. Após o ocorrido, ela e Kürten assinaram a papelada do divórcio.
Kürten estava imóvel no
banco dos réus, olhando somente para o chão.
Foram apresentadas inúmeras
evidências contra Kürten: O anel e os relógios, que foram guardados como
troféus; Roupas manchadas de sangue; Armas diferentes, como martelos, punhal e
tesoura; uma pá usada para enterrar uma das vítimas. Quatro crânios de algumas
vítimas com fraturas resultantes de marteladas e golpes diversos. Tudo estava
em cima da mesa, como uma exposição bizarra. Especialistas em grafologia
examinaram as cartas anônimas, enviadas para a policia indicando onde estavam
os cadáveres. A letra era compatível com a de Kürten. Essa prova também foi
apresentada no tribunal.]
Quatro especialistas em psiquiatria: o já citado Karl Berg, os psicanalistas Sioli e Huebner e o doutor Reather apresentaram relatos orais sobre os resultados dos exames psiquiátricos de Kürten. Eles foram unânimes: Peter era anormal e predisposto ao sadismo desde a tenra idade. Ele cometeu seus crimes em um momento de frenesi, entretanto ainda estava consciente, sendo responsável por suas ações (O parágrafo 51, que tirava a responsabilidade do réu por motivo de insanidade, não se aplicava a ele).Eele não apresentava nenhum quadro de doença mental grave,a pesar de certa anormalidade e excentricidades psicológicas. Sua imaginação hiperativa extrema e a propensão à crueldade se desenvolveram por meio de inferioridade moral que ele sentia na infância. Seu raciocínio não era afetado, sendo ele metódico na hora de praticar seus crimes. Ele foi diagnosticado como um homes sexualmente pervertido, que tinha a habilidade de esconder seus impulsos sexuais, vivendo como uma pessoa normal.
Depois de apresentado o
resultado dos exames psiquiátricos, foi perguntado a Kürten se ele sentiu algum
remorso ou arrependimento de seus crimes, ao qual ele respondeu:
"Posso
assegurar-vos que no momento tenho profunda compaixão pelas infelizes vítimas,
especialmente pelas crianças. Agora estou completamente ciente da coisa
terrível que eu cometi naqueles momentos."
O Juiz refez a pergunta:
"Não estou perguntando se você sente compaixão pelas vítimas no dia de
hoje, mas se você sentiu alguma pena delas no momento em que praticava seus
atos. Durante ou imediatamente depois."
Kürten respondeu:
"Não, isso eu não senti."
O Promotor Dr. Eichmann
tomou a palavra e disse: "Seu
único objetivo ao praticar os crimes foi se tornar o 'rei dos criminosos
sexuais', o que acabou se tornando. Se há algum assassino que mais merece a
pena capital, esse assassino é Peter Kürten."
Os crimes pelos quais
Peter respondia eram de tal gravidade que não havia outra pena pare ele além da
capital. Só pelas sete tentativas de homicídio ele pegaria um total de 15 anos
de prisão, sem direitos penais e a supervisão da policia por toda a vida.
O defensor de Peter, Dr.
Wehner tinha pela frente uma tarefa quase impossível, então tentou outra
tática: Ele apontou para a hereditariedade de Peter, sua infância infeliz e
afirmou que se o tribunal acreditava em sua confissão, também teria que
acreditar nele, quando ele falava sobre seu estado emocional, que agiu sem
nenhuma premeditação e numa excitação irreprimível e incontrolável:
"Legalmente falando, culpa do réu não pode ser medida pelo horror causado.
Agora,humanamente falando, é em grande parte o destino.
O silêncio tomou conta
do tribunal e era possível ouvir um alfinete caindo. Peter se levantou, limpou
a garganta e pronunciou suas palavras. Todos pararam para ouvir o assassino:
"Eu não estou
tentando justificar minhas ações e estou completamente preparado para aceitar
as consequências que elas trarão para mim. Mas acho que tenho o direito de ter
minhas palavras levadas à sério e que acreditem em mim. Eu já disse
completamente tudo e revelei tudo de forma voluntária. Quero enfatizar aqui
meus sacrifícios em ajudar a policia... Bom, então quero dizer ainda, agora
estou prestes a pagar pelo que pratiquei e irei enfrentar a pena de morte. Irei
cumprir minha pena de uma vez só. Por isso devem ter a certeza de que há apenas
uma inesperada dor dentro de todos e que ela não vai passar após minha morte.
Dezenas de vezes eu refleti sobre isso. Se você levar tudo isso em conta eu
iria pagar de boa vontade. O que me levou a cometer os crimes foi o sentimento
de ódio e vingança que eu sentia da sociedade. Eu gostaria de perguntar:
Eu teria alguma chance de perdão?”
O júri se retirou para
as deliberações e três horas depois, eles voltavam com um veredicto. O juiz
anunciou a sentença: Culpado de todas as acusações, sendo condenado à morte por
guilhotina.
Dr. Wehner tomou a
palavra: "O veredicto não é, para mim, nenhuma surpresa e eu e o réu já
conversamos sobre isso com muito cuidado. Kürten irá aceitar resultado de seu
veredicto, seja qual for a decisão do júri. Ele irá aceitá-la com cuidadosa
consideração..."
O Juiz perguntou à
Kürten: "Você aceita se veredicto?"
Peter respondeu:
"Sim"
Peter foi retirado do
recinto. O público se levantou instintivamente de seus lugares, como em uma
dança sincronizada para vê-lo deixar o local, como um ator cujo papel foi
jogado fora.
Na época do processo de
Kürten, as autoridades alemãs travavam uma “batalha” acerca da pena capital.
Alguns acreditavam que tal pena não poderia ser imposta. Entretanto, Peter
parecia mesmo sem sorte: Ambos os lados, os prós e contras a pena de morte,
foram a favor da guilhotina para Peter Kürten. Peter havia rejeitado alguns
recursos do julgamento, mas tentou um pedido de clemência, pedido esse que foi
rejeitado. A Alemanha estava contra o “Vampiro de Düsseldorf” e queria que sua
cabeça fosse arrancada de seu pescoço.
Últimos dias.
Ao professor Karl Berg,
pelo qual, como já dito aqui, Peter criou um elo de amizade, ele disse: “Não acredito que com minha execução as pessoas
conseguiram alguma coisa. Não irão lavar, com meu sangue, o sangue das pessoas
que eu derramei. Isso não passa de mais um ato de vingança da sociedade. Então
por que isso tudo? Só por que o povo grita?”
Peter também afirmou:
“Se hoje eu fosse livre, eu não poderia garantir que eu iria começar tudo de
novo. A vontade toma conta de mim.”
Já perto da data da
execução, Peter demonstrou um desejo mórbido. A última pergunta ao professor
Karl Berg foi: “Seria
possível, no último milésimo de segundo, quando a lâmina atravessar meu
pescoço, eu escutar o barulho de meu próprio sangue esguichar para longe?”
Karl Berg respondeu que
sim, poderia ser possível.
Ao ouvir essas palavras,
Peter disse: “Desejo
ouvir o esguichar de meu próprio sangue. Isso para mim seria o prazer dos
prazeres.”
Peter esperava sua
execução numa cela da prisão de Düsseldorf-Derendorf. Ele estava sobre a
responsabilidade do Ministério de Estado Prussiano. Durante suas últimas
semanas ele leu jornais. Uma noticia lhe trouxe certo alívio: Uma curta nota
trazia a notícia de que Auguste, por seus serviços prestados para a policia na
captura do Vampiro, receberia a soma de 9000 marcos, metade da recompensa. Esse
dinheiro já garantiria um fim de vida tranqüilo para Auguste.
Em 30 de julho de 1931,
o último pedido de clemência de Peter Kürten foi negado. Como de costume,
estavam sendo feitos os últimos preparativos para a execução do prisioneiro.
Peter estava tranqüilo e a todo momento manteve a calma.
No dia primeiro de
julho, às três horas da tarde, Peter Kürten foi transferido de carro para a
cadeia de Klingelpütz, em Köln. Ele sabia que essa seria sua última viagem.
No fim da tarde, o
procurador geral Eich foi até a prisão informar a Peter que seu último pedido
de clemência havia sido negado e que na manhã seguinte Peter seria executado. A
noticia pareceu ter certo efeito sobre Kürten, mas rapidamente ele se recompôs.
Quando perguntado sobre
seus últimos desejos, Peter pediu a presença de um sacerdote, queria participar
de uma missa pela manhã, escrever cartas para os familiares das vítimas e, no
jantar, gostaria de comer Wienerschnitzel, uma espécie de carne empanada.
A última noite parecia
não ter fim. Dois sacerdotes e o advogado faziam companhia à Peter. Eles
conversavam e a presença deles no recinto parecia confortar Kürten.
Peter Kürten sentou-se à
mesa e se pôs a escrever cartas paras os familiares de Maria Hahn, Elizabeth
Dorrier, Gertrud Albermann, Rosa Ohlinger, Christine Klein, Ida Reuter, Rudolf
Scheer e para o pai de Luise Lensen e Gertrud Schulte. Ele também escreveu
cartas para Anne Goldhausen e Gertrude Schulte. Nas cartas, em poucas linhas e
em frases estereotipadas, kürten pedia perdão pelador que causou. "Eu não
sabia o que estava fazendo", escreveu elee acrescentou, "Na minha
morte irei expiar". Essas cartas seriam prova de que Kürten havia se
arrependido e desejava se corrigir?
A última carta foi
escrita para a ex-esposa, Auguste:
"Köln,
02 de julho de 1931
Minha cara e boa
Auguste!
Você provavelmente já
tem em mente o que irá acontecer comigo. E você sabe o que te fez, tão subitamente,
is até Leipzig (Os defensores de Peter auxiliaram Auguste em sua mudança para
Leipzig, onde seu irmão morava)
Sim, minha querida
Auguste. Eu mesmo cavei minha sepultura. No momento eu estou tranquilo.Agora
são três da madrugada, então, às 6 da manhã irei ser levado ao patíbulo. Eu te
amo Auguste, até mesmo em minhas últimas horas. É com o coração agradecido que
eu lhe digo sobre o padre Albert, o meu advogado Wehner e vários outros
senhores, que vieram de todas as partes de Köln para me consolar, trazendo um
pouco mais de conforto para mim nessas últimas horas. Eu escrevi para as
famílias de todas as vítimas, pedindo perdão, agora,minha querida Auguste, eu
lhe pergunto se o seu coração pode me perdoar,por todos os erros que eu cometi
e que lhe trouxeram vergonha e desgraça. Que o bom Deus esteja com você,
Auguste. Gostaria de pedir perdão a todos os nossos familiares e parentes.
Envie a eles as minhas sinceras lembranças
Auguste, meu amor, ore
por mim! Nos céus iremos nos encontrar novamente."
Kürten passou a noite em
claro. As cinco horas, novamente foi lida a sua condenação. Ele a aceitou.
Foi perguntado o se ele
desejava participarde uma espécie de oração, feita para os presos condenado a
morte. Peter sussurrou um "sim" quase inaldivel.
Pela manhã, Peter teve
suas mãos amarradas atrás das costas e foi levado para o quintal. O esperava
uma velha guilhotina, remanescente da Revolução Francesa,ao lado dela,o
carrasco de Magdeburg estava pronto. Peter estava tranqüilo e trazia um sorriso
no rosto pois tinha esperança de ouvir o esguichar do próprio sangue. Em nenhum
momento ele demonstrou medo.
No pátio, reuniu-se uma
pequena multidão, formada por homens vestidos de preto. Kürten subiu
silenciosamente as escadas do cadafalso. A execução foi assistida por membros
da Divisão criminal, pelo Procurador Geral Dr. Eich, um subsecretário do
gabinete Presidencial Alemão e, como exigia a lei, dos respeitáveis cidadãos de
Düsseldorf.
A lâmina desceu e cortou
a cabeça de Peter Kürten - Era o fim da linha para o Vampiro de Düsseldorf.
Seu corpo foi enterrado
no cemitério da prisão, entretanto, sua cabeça teve outro destino...
Os assassinos da Alemanha de Kürten.
Apesar de ser um dos casos de mais
repercussão na Alemanha do inicio do século passado, o caso de Kürten não foi
único. É altamente provável que a situação da Alemanha facilitou a ação de tais
assassinos. Primeiro porque a atenção do governo estava voltada para a guerra.
Muito se concentrou nos inimigos de fora, o que facilitou a ação dos inimigos de
dentro. A guerra também mascarava os homicídios. Como deduzir que um assassino
em série está à solta, em uma época em que exércitos inimigos estão invadindo e
bombardeando cidades inteiras. Como saber separar os homicídios das mortes
trazidas pela guerra. E em segundo, a situação miserável em que população alemã
se encontrava. Muitas pessoas estavam desesperadas em busca de dinheiro,
aceitando seguir qualquer um que viesse com promessas de trabalho.
Eis abaixo alguns casos notórios.
Fritz Haarmann – O Açougueiro de
Hanover.
Nascido em Hanover, Alemanha em
outubro de 1879, ele era o sexto filho de uma mãe inválida. Foi mandado à
escola militar, mas foi dispensado devido sua epilepsia. Sua lista criminal,
assim como a de Kürten, começou com os furtos. Seu pai tentou alegar a
insanidade do filho, para interná-lo, mas não obteve sucesso, ele então abriu
um restaurante de frutos do mar para Fritz, mas o filho começou a roubar os
rendimentos. Em 1914, ele foi flagrado enquanto invadia um deposito e foi
mandado para prisão, cumprindo pena de 5 anos de detenção.
Perto de estourar a primeira guerra
mundial, Fritz aproveitou o caos para raptar meninos (em 1923, mais de 600
meninos tinham desaparecido. É claro que Fritz não raptou tudo isso). Haarmann
foi preso em 1919 depois de molestar uma criança. Ao sair da cadeia, conheceu e
se apaixonou por um cafetão homossexual de nome Hans Grans. Os dois formariam
uma dupla mortal, raptando meninos e matando-os depois de sodomizá-los.
Os cadáveres eram desmembrados e
vendidos como carne de porco. Partes inúteis eram atiradas no rio Leine. As
peças de roupas de mais valor eram vendidas e algumas guardadas como troféu. Em
17 de maio de 1924, um crânio foi encontrado boiando no Leine. Cinco dias mais
tarde, outro foi encontrado. Outros dois foram achados no fundo do rio.
Inicialmente, o que parecia ser uma brincadeira se revelou uma terrível
verdade. Um saco de ossos foi encontrado por crianças e a policia temeu que um
assassino estivesse à solta. Em 22 de julho de 1924, Fritz Haarmann foi preso,
acusado de atentado ao pudor contra um jovem de 15 anos. Quando os policiais
entraram na casa de Fritz, eles encontraram várias manchas de sangue, além das
várias peças de roupas, pertencentes aos meninos desaparecidos.
Haarmann confessou ter matado
“trinta ou quarenta... não me lembro”. Foi condenado por 24 assassinatos e foi
guilhotinado. Grans, o amante do “Açougueiro de Hanover”, foi condenado a 12
anos de detenção por cumplicidade. Ele morreu já em idade avançada, em 1980.
Fritz Haarmann, o açougueiro de
Hanover virou tema de uma música popular alemã, chamada Warte, warte nur ein Weilchen:
In Hanover an der leine
Rote gasse nr. 8
Dort wohnt der massenmörder Haarmann
Der die menschen umgebracht
Rote gasse nr. 8
Dort wohnt der massenmörder Haarmann
Der die menschen umgebracht
Haarmann hat auch einen gehilfen
Granz hiess dieser junge mann
Dieser lockte mit behagen
Alle jungen mädels an
Granz hiess dieser junge mann
Dieser lockte mit behagen
Alle jungen mädels an
Warte warte nur ein weilchen
Bald kommt haarmann auch zu dir
Mit dem kleinen hackebeilchen
Macht er hackefleisch aus dir
Bald kommt haarmann auch zu dir
Mit dem kleinen hackebeilchen
Macht er hackefleisch aus dir
Aus den augen macht er sülze
Aus dem hintern macht er speck
Aus den därmen macht er würste
Und den rest den schmeisst er weg”
Aus dem hintern macht er speck
Aus den därmen macht er würste
Und den rest den schmeisst er weg”
Karl Großmann – O açougueiro de Berlim.
Em 13 de dezembro
de 1863, nascia Karl Friedrich Wilhelm Grossmann. Ele veio ao mundo em Neuruppin,
cidade próxima à Berlim, capital alemã. Pouco se sabe sobre a infância de
Grossmann, exceto o seu gosto por sadismo sexual.
Na idade adulta, Grossmann se mudou para
Berlim. Foi aí que começou a matar. Os vizinhos debatiam sobre o fato de muitas
mulheres, na maioria das vezes jovens, entraram na casa de Grossmann e
desaparecerem, como se nunca tivessem existido. Apesar da situação estranha,
ninguém deu por conta do motivo de tais desaparecimentos.
Grossmann vendia peças de carne cuja
procedência era desconhecida. Ele também montava uma banca de cachorros-quentes
nas proximidades das estações ferroviárias. Acredita-se que Grossmann vendia a
carne das vítimas como carne de boi e usava partes para fazer salsichas. Os
ossos eram jogados em um rio. Em agosto de 1920, Grossmann foi levado para a
prisão, após denuncias de vizinhos que ouviram gritos e tiros, seguidos de um
imenso silencio. A policia invadiu a casa do açougueiro e encontrou o cadáver
de uma jovem mulher, jazendo sobre a cama. Havia evidências de que pelo menos
mais três mulheres perderam a vida nas mãos de Grossmann, mas o número de
vítimas pode chegar a 50. Elas teriam sido desmembradas, moídas e transformadas
em salsichas, ou vendidas como carne de boi.
George Karl Grossmann foi preso e condenado
à morte. Porém, ele adiantou sua pena, se enforcando em sua cela antes da
execução da sentença.
Karl Denke – O Canibal de Ziebice.
Pouco se sabe sobre a história desse
serial killer, atuante em Ziebice, Alemanha (hoje, pertencente à Polônia) entre
por volta de 1921 a 1924. Denke era organista na igreja de sua cidade e levava
uma vida moderada, rejeitando até mesmo ao sexo. Apesar da aparente serenidade
e bondade, Denke atraiu, matou, desmembrou e vendeu as carnes de várias pessoas
(de pelo menos 15).
Denke preferia as pessoas desempregadas que ele encontrava na estação próxima a sua casa. Ele as convidava ir à sua casa, com promessa de moraria e emprego. Lá ele assassinava suas vítimas, comia parte da carne delas e vendia a outra parte como carne de boi ou porco. Ele também matou andarilhos e pedintes. A casa de Denke caiu depois que uma de suas vítimas escapou e conseguiu avisar um transeunte antes de morrer. Denke foi preso, em sua casa, a policia encontrou vários pedaços de carnes, dentes e ossos; pedaços de roupas, documentos e outros pertences das vítimas. Na prisão, Karl Denke pôs fim a sua vítima se enforcando com uma corda improvisada.
Denke preferia as pessoas desempregadas que ele encontrava na estação próxima a sua casa. Ele as convidava ir à sua casa, com promessa de moraria e emprego. Lá ele assassinava suas vítimas, comia parte da carne delas e vendia a outra parte como carne de boi ou porco. Ele também matou andarilhos e pedintes. A casa de Denke caiu depois que uma de suas vítimas escapou e conseguiu avisar um transeunte antes de morrer. Denke foi preso, em sua casa, a policia encontrou vários pedaços de carnes, dentes e ossos; pedaços de roupas, documentos e outros pertences das vítimas. Na prisão, Karl Denke pôs fim a sua vítima se enforcando com uma corda improvisada.
Bruno Lüdke – O assassino de Köpenick
Bruno Lüdke, retardado mental e funcionário de uma lavanderia. |
Existem muitas dúvidas cercando o caso. Os crimes foram praticados
com Modus Operandi diferente (é claro que alguns assassinos agem sobre MO
diferente), as digitais não ligaram Lüdke aos crimes e provavelmente o
comissário de policia usou Lüdke como bode expiatório, tantando encerrar vários
casos sem solução. O que chama mais atenção no caso, é que Bruno foi capaz de
enganar a policia por anos, mesmo sendo doente mental, sendo preso após ser
flagrado roubando galinhas.
Lüdke alegou insanidade (e realmente era esse seu caso), por isso
foi mandado para um hospital psiquiátrico. O governa Nazista estava no poder na
época, e Bruno foi submetido a várias “experiencias”. Ele acabou morrendo após
receber uma injeção em um desses experimentos.
Kürten
na cultura popular.
Em 1931, chegava aos cinemas alemães o filme M - Eine Stadt sucht einen Mörder (M – A caçada de um assassino), o primeiro filme
falado dirigido por Fritz Lang. Na trama, nos deparamos com um assassino de
crianças, Hans
Beckert, e os esforços da
policia para caçá-lo. Um grupo formado por marginais resolve caçar o
assassino por conta própria e só aí o criminosos é levado à justiça.
Poster do filme "M", a primeira obra de Fritz Lang gravada com som, considerada um marco do Expressionismo Alemão. |
M é rico na estética, filmado em um cenário escuro, como todos os
filmes do expressionaismo alemão.Em sua época, M causou polêmica. Fritz Lang,
com medo de seu filme ser censurado, ocultou o nome da cidade onde a história
se passa (tudo indica que seja Berlim). Devemos lembrar que na época a Alemanha
mergulhava em uma onda de nacionalismo e um filme que mostrava um assassino de
crianças, cujos os esforços da policia em sua captura se mostram inúteis não
seria nada bem visto, talvez por isso a relutância de Lang em citar o nome da
cidade.
Mas por que estou falando sobre esse filme aqui? Simples: O filme
foi supostamente inspirado no caso de Kürten. Apesar dessa crença (Aliás, em
alguns países, incluindo no Brasil, o filmes recebeu o subtitulo de “O Vampiro
de Düsseldorf“, apelido de Kürten) Fritz Lang negou firmemente tal influencia,
alegando que o filme não foi inspirado em ninguém. Lang argumenta que muitos
assassinos cometeram seus crimes na Alemanha do início do século, como os já
citados acima Karl Denke, Carl Großmann e Fritz Haarmann, mas em alguns pontos, Hans Beckert, é parecido com
Peter. Denke matava adultos geralmente do sexo masculino, Haarmann matava
rapazes e Großmann tinha
preferência por mulheres. Dos mais famosos serial killers alemães da época, o
único que assassinou meninas pequenas foi Peter Kürten, Hans Beckert matava
crianças. Os esforços policiais se mostraram inúteis na busca por Peter, assim
como ocorreu com Beckert. Além disso, temos também a época em que o filme foi
rodado (logo após o caso de Kürten). Será que foi apenas coinhecidencia, ou
Fritz Lang realmente se inspirou em Peter Kürten na criação de Hans Beckert.
Fritz Lang, diretor de "M" negou firmemente a influencia de Peter em Hans. Dizia ele que muitos assassinos estavam a solta na Alemanha na época do filme e Hans não foi inspirado em nenhum deles. |
Kürten também virou música, mas não foi uma musica popular animada
como o caso de Haarmann, mas sim, uma música nas mãos da banda Macabre (Aliás,
novidade eles fizerem uma musica para Kürten, uma vez que todas as suas músicas
falam sobre assassinos).
Como já dito aqui, Peter cavou sua sepultura, foi guilhotinado e
enterrado... Sem cabeça. Mas afinal, por que diabos não enterraram a cabeça
dele? Simples: Estudos. A cabeça de Kürten nunca mais estaria perto do corpo
novamente. Kürten teve a cabeça aberta, o cérebro extraído e estudado. Hoje, a
cabeça de Peter Kürten se encontra mumificada (sem o cérebro, óbvio) e
pendurada em um gancho, mas não está na Alemanha. Ela se encontra em exposição
no museu Ripley Believe It or
Not!, em Wisconsin Dells, Wisconsin, EUA. O museu Believe It or Not! É conhecido por expor todo tipo de bizarrice e
porcaria, como cabeças encolhidas, fotos de anomalias, antiguidades estranhas e
cabeças de assassinos mumificadas (hahaha), entre outras coisas.
Fotografias da cabeça mumificada do Vampiro de Düsseldorf, exposta em um museu em Winconsin (Lar do canibal Jeffrey Dahmer e do bizarro Ed Gein). |
O canibal e serial killer norte-americano Albert Fish, quando
tomou conhecimento dos crimes de Kürten, o considerou um “irmão”. Albert Fish
foi eletrocutado em 16 de janeiro de 1936.
Os estudos do caso Kürten foram importantes para os avanços das
ciências forenses, principalmente para as análises comportamentais. Karl Berg o
definiu como um “psicopata narcisista” e o “Rei dos Pervertidos Sexuais”.
O Sádico, de Karl Berg. Breg relatou toda a história de Kürten no livro e chamou o assassino de "O Rei dos Pervertidos Sexuais. |
O canibal Albert Fish. |
“...No caso da menina Ohlinger, eu também suguei o sangue da sua
ferida na têmpora e de Scheer da facada no pescoço. Da garota Schulte eu apenas
lambi o sangue das minhas mãos. O mesmo ocorreu com o cisne que eu encontrei no
Hofgarten. Eu costumava caminhas durante a noite pelo Hofgarten com bastante
freqüência, e na primavera de 1930, notei um cisne dormindo na beira do lago.
Eu cortei sua garganta. O sangue jorrou para o alto e eu o bebi, sugando-o pelo
corte...”
Fontes:
TruTv - Crime Library.
Erichs-Kriminalarchiv.
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