13 de jan. de 2013

O Atentado de Sarajevo: O crime que foi o estopim para uma Guerra Mundial

Sophie e seu marido, o herdeiro ao trono Franz Ferdinand.

No fim do século XIX, o grande Império Austro-Húngaro, assim como os alemães, possuía multiplicidade nacional: sérvios, croatas, eslovenos, poloneses, tchecos, eslovacos, rutênios, turcos, búlgaros, húngaros, romenos, gregos e albaneses. A religiosidade também era diversificada, tendo como principais religiões o cristianismo e o islamismo. O Império era uma verdadeira torre de babel, principalmente pela questão da língua. No topo dessa extraordinária conglomeração, estava o imperador Franz Josef, penúltimo soberano de Hadsburgo. Ele subiu ao trono aos 18 anos, em 1848, notavelmente maduro e brilhante, apesar de seus muito detratores. Franz Josef morreu em 1916, após um reinado de 68 anos, recorde na Europa. O mias incrível, não é o fato do Império Austro-Húngaro ter ruído em 1918, mas sim o fato dele ter sobrevivido por tanto tempo. Com certeza, a mescla de firmeza e capacidade de se adaptar demonstrada pelo imperador foi, em parte, responsável pela longa duração do Império.


Franz Josef, imperador da Áustria-Hungria.

Além de seu grande e, por muitas vezes, rebelde império, o Imperador Franz teve que enfrentar tragédias pessoais, como o fuzilamento do irmão Maximiliano em 1867. Maximiliano havia sido impingido aos mexicanos como imperador por Luís Napoleão, imperador francês, em 1964. A esposa de Franz vivia intimidada pela sogra e mantinha uma vida muito afastada do marido, encontrando conforto em diversas viagens e na caça a raposas na Inglaterra e Irlanda. Ela acabou sendo assassinada em Gênova, Itália, por um empregado de um jovem construtor, Logi Lucheni, um anarquista que agiu por sua própria conta. O jovem filho de Franz Josef, um jovem charmoso e inteligente chamado Rodolfo, frustrado pelo fato de seu pai nunca ter lhe dado um cargo, deu cabo da própria vida em sua casa de caça, em um pacto suicida com sua bela amante, Marie Vetsera. Para completar o quadro dos horrores para Franz Josef, o herdeiro do trono seria agora Franz Ferdinand, seu sobrinho, pelo qual não nutria afeto.

Franz Ferdinand tinha uma personalidade complexa. Ele admirava seu primo Rodolfo e sentiu pesar após seu falecimento. Franz Ferdinand sempre tentou ensinar seu primo a relaxar, pois este estava frustrado por sua impotência frente à determinação de Franz Josef de manter as rédeas do poder em suas próprias mãos. Ferdinand era moroso, desconfiado, briguento e até violento, mas estava determinado a evitar a guerra, principalmente a guerra com a Rússia. Percebendo os perigos de um confronto com a Sérvia, ele tentou evitar qualquer intriga com esse país. Frequentemente um provocador fanfarrão, Franz Ferdinand quase enlouqueceu quando viu sua herança quase se fragmentar, enquanto seu tio, distante, intolerante e birrento, estava fechado em seu castelo e ignorava qualquer acontecimento ou sugestão. A birra entre tio e sobrinho aumento após o anuncio de que Franz Ferdinand se casaria com Condessa Sophie Chotek Von Chotkowa und Wognin, uma dama que pertencia a uma antiga família da Boêmia. Acontece que o nome de Sophie não estava na lista das consideradas dignas de Hadsburgo. Franz Josef ficou furioso e tentou impedir o casamento. No entanto, Ferdinand não se deixou influenciar pela opinião do tio, e o casamento morganático ocorreu. Sophie aguentaria uma série de humilhações que se acumularam sobre o casal, principalmente sobre ela, apesar de tudo, Sophie foi uma boa mãe de família.

Foto de família: Fotografia de Franz e sua esposa .

Foto de família: Ferdinand e Sophie posam ao lado de seus filhos.


Franz Josef havia passado por diversas catástrofes. Seu país se envolveu em uma sangrenta batalha contra a França e Piemonte, em 1859, que culminou em uma carnificina, a Batalha de Solferino, na qual nada menos de 270 mil homens, 40 mil cavalos e 700 armas de fogo estavam em um fronte de batalha de 24 quilômetros. Os franceses acabaram ganhando a batalha, mas o preço foi alto. Ambos os exércitos sofreram muitas baixas e estavam exaustos e enfraquecidos. Seguiu-se da definitiva derrota militar da Áustria-Hungria para os prussianos, sob o comando de Bismark, em 1866. Franz Josef evitou participar da guerra da Criméia entre 1854 e 1856, mas a popularidade de seu Império frente à Inglaterra e a França diminuiu.

Contudo, foi no Bálcãs que o macabro quadro europeu foi pintado, levando ao prelúdio da Primeira Guerra Mundial. Havia dois grandes problemas: a ânsia pela independência demonstrada por muitos povos pertencentes ao império e a rivalidade odiosa entre os eslavos e os outros povos pertencentes a Ástria-Hungria. Havia problemas também como a relação com  a recentemente unificada e militarista Alemanha que buscava seu lugar ao sol; O sentimento de emergência da Grã-Betranha no equilíbrio de forças da Europa; o ameaçador espectro, como visto por muitos, do vasto rolo compressor russo em busca de uma saída para o Mediterrâneo e expiando a desgraça russo-japonesa; A revanche francesa contra a Alemanha, um desejo intenso de recuperar a região de Alsácia e Lorena, perdidas para a Alemanha durante a guerra de 1870.

Toda malha de guerra estava traçada. A tensão só aumentava, mas nenhum país se manifestou. Faltava apenas “acender o pavio” para a guerra eclodir pela Europa. E esse “pavio”, seria aceso em Sarajevo, capital da Bósnia.

A Malha de Guerra.

No fim do século XIX, o destino de milhões de pessoas estava nas mãos de uma diminuta minoria, os monarcas. Aconselhados por alguns ministros, eles poderiam declarar guerra uns aos outros sem a menos explicação, condenando milhões de pessoas à morte certa. O orgulho era um fator importante, pois aparências deveriam ser mantidas e dinastias preservadas. O povo assistia a tudo sem poder opinar. As alianças aconteciam. Uma delas foi o alinhamento da Alemanha, Áustria-Hungria e inicialmente a Itália de um lado e a Grã-Betranha, França e Rússia do outro.
Antes da solidificação dos dois blocos, muitas foram as mudanças nas relações entra as nações envolvidas. Grã-Betranha e Alemanha examinaram um possível entendimento entre as duas nações no início do século XX e a Itália, por sua vez, abandonou os aliados sem nada dizer. Para cada mudança de rumo, havia motivos válidos. O ano de 1914 chegou e com ele, acelerou-se o andamento dos agudos antagonismos. Ocorreram duas guerras no Balcãs, nas quais as principais nações da Europa conseguiram ficar de fora. A Itália travou uma guerra com a Turquia e houve muito alarme, incluindo a crise de Agadir em 1911. O conflito generalizado não ocorreu por um triz.

Na Alemanha, o Kaiser era Guilherme II. Ele tinha ciúmes da Grã-Betranha e, em particular, da marinha inglesa. Após alguns estremecimentos, ele recusou-se a concordar com qualquer acordo restritivo. Franz Ferdinand e Guilherme II acabaram virando amigos.

O Kaiser Guilherme II com seu elmo pontiagudo e sua farda acolchoada.
Em dezembro de 1912, Guilherme disse a Von Moltke, Chefe de Pessoal, para se preparar  para uma futura guerra contra os russos. Pro sua vez, Ferdinand concentrou suas antipatias nos magiares, parte do império que ele via como traidores em potencial. Ele era avesso à monarquia dual que havia sido criada em 1867, quando um parlamento próprio foi concedido aos húngaros, fazendo com que apenas a simples fidelidade ao Imperador fosse responsável pela união do império. Embora todas as personalidades principais da Europa estivessem cientes dos perigos da guerra e com freqüência tratassem com cautela qualquer assunto que pudesse levar a um conflito, a Europa havia se tornado um barriu de pólvora, esperando para ser detonado. O Kaiser e sua comitiva, no entanto, via a guerra como algo para demonstrara heroísmo. Esse seria um erro fatal para o país e para o mundo.

Embora a Bósnia pertencesse aos turcos, ela foi ocupada pelos austríacos e 1878. Em 1890, um passo maior foi dado, quando a Bósnia foi declarada território do império austro-húngaro, isso foi considerado uma grande afronta aos sérvios e aos russos. Profundas birras entre a sérvia e a Áustria vinham sendo resolvidas nos Bálcãs por anos e anos. Os sérvios acreditavam que seus pares eslavos que habitavam a Bósnia jamais deveriam ficar sob o domínio austríaco, mas unidos à eles numa “Grande Sérvia”. Em 20 de junho de 1868, o Primeiro Agente Diplomático austro-húngaro em Belgrado, Kallay, enviou uma carta a seus superiores em Viena, onde ele observava: “A Bósnia é o ponto para onde convergem todas as esperanças e todos os desejos dos governantes sérvios... a ideia de possuí-la é o principal fundamental do objetivo de todos os sérvios.

Na Rússia, as atitudes da Áustria-Hungria provocaram intensos e agressivos sentimentos pan-eslavos. O Czar conseguiu combater as manifestações extremistas que clamavam por guerra. Foi durante essa situação que as autoridades austro-húngaras decidiram que seria melhor a presença de Franz Ferdinand em manobras militares próximas à Sarajevo, capital da Bósnia. Ferdinand não fez objeção e até ficou animado com a viagem. Na verdade, alguns cidadãos da Bósnia perceberam que estariam melhor sob o governo austríaco do que sob o governo turco. Existiam jovens revoltados em Sarajevo, mas era dito que sua presença era tão pequena, que quase passava despercebida. As autoridades austríacas foram avisadas de que Franz Ferdinand correria perigo se visitasse a capital bósnia, mas o arquiduque era corajoso e decidiu levar o plano adiante. Em 24 de junho de 1914, o arquiduque, junto com sua esposa, iniciou uma visita de inspeção na Bósnia, a que se seguiria de uma visita à Sarajevo, no dia 28 de junho.

Ferdinand na Bósnia.

A população da Bósnia-Herzegovina era diversificada. A maioria da população era formada por cristãos ortodoxos, um terço por muçulmanos sérvios e turcos e um quarto por croatas católicos romanos. Os croatas e sérvios tinham desentendimentos entre si de longa data. Os sérvios queriam a união da Bósnia com a sérvia, embora poucos expressarem um desejo fanático por isso. Os demais cidadãos da Bósnia desejavam permanecer como estava, sob domínio do Império Austro-Húngaro.

O arquiduque cumprimenta cidadão na rua de Sarajevo. 

Mão Negra.
As sociedades secretas eram abundantes nos Bálcãs. Uma delas era a “Bósnia Jovem”, empenhada na absolvição da Bósnia pela Sérvia. A Bósnia Jovem era intimamente ligada à um grupo extremista sérvio, composto principalmente por oficiais dissidentes do exercito, chamado ‘União da Morte”, mais conhecida como “Mão Negra”. Alguns membros dedicaram-se a arquitetar o assassinato de um proeminente dignitário austríaco, relacionado ao governo na Bósnia. O grupo era liderado por Gavrilo Princip, estudante de 19 anos de idade. Outros membros eram Damilo Ilik, professor de 24 anos de idade que havia se tornado jornalista; Vaso Cubrilovic; Cvjetko Popovic, estudantes de 17 e 18 anos respectivamente; Nadelijko Cabranovic e Trifko Grabez, dois amigos e um muçulmano de nome  Mohammed Mehmedbasic. Sem uma sanção oficial, o Mão Negra teria sido financiado pelo Serviço Secreto Sérvio, sob comando do coronel Dragutin Dmitrievic, conhecido como Apis. O plano inicial do grupo era assassinar o Governador Militar de Sarajevo, o General Potiorek, mas em março de 1914, quando souberam que o próprio Franz Ferdinand iria visitar a cidade, o grupo  virou sua mira para o herdeiro do trono austro-húngaro.

Um jovem estudante nos Bálcãs em 1914, principalmente na Bósnia, era quase por definição um revolucionário. Princip e seus companheiros certamente, não pensaram nas conseqüências políticas e sociais negativas que o assassinato poderiam trazer. Eles estavam fartos do que viam como sendo a pusilanimidade dos líderes políticos, em face a agressão austríaca contra seu país, e  decidiram realizar ações violentas de algum tipo. A ida de Franz Ferdinand a Sarajevo se tornava a oportunidade ideal de demonstrarem valor e lutar pela liberdade. Apis estava em contato direto com os conspiradores. Ele treinou Princip e o supriu com armas. De fato, é provável que Apis tenha sido a inspiração para Princip.

O Assassinato do Arquiduque.


No dia 28 de junho de 1914, O casal real passeava em carro aberto pelas ruas de Sarajevo seguido por uma comitiva. Os membros da “Mão Negra se misturaram à multidão. Cada um deles trazia consigo uma pistola, duas bombas caseiras e uma cápsula com cianureto. O veneno era para cometerem suicídio após o atentado. O carro passou por Mehmedbasic, mas este perdeu a coragem e não lançou sua bomba. Nadelijko Cabranovic estava ao lado de Mehmedbasic e também teve sua chance, mas, como o amigo, não teve coragem de atacar o arquiduque. Vaso Cubrilovic, por sua vez, arremessou sua bomba sobre o carro de Ferdinand, mas o arquiduque foi rápido o bastante e arremessou a bomba para trás. O artefato explodiu no chão, atingindo o carro da comitiva que vinha logo atrás. Dois membros da assistência de Potiorek e 20 populares ficaram feridos. Cubrilovic engoliu sua cápsula de cianureto e pulou em um rio, mas o veneno falhou e ele foi resgatado do rio e surrado pela população furiosa, antes de ser levado preso pela polícia.

Franz e Sophie em Sarajevo. Pouco tempo depois, ambos estariam mortos.

O arquiduque e sua esposa seguiram bravamente o caminho até o citty Hall, onde receberam o comprimento de boas-vindas do prefeito muito refinado.  Ferdinand ficou irritado com o tratamento dado a ele e sua esposa. Ele e Sophie saíram para almoçar. O arquiduque, entretanto, insistiu que queria ir até o hospital ver o auxiliar ferido e essa insistência foi sua perdição. Um auxiliar de Ferdinand desaconselhou a visita, percebendo os riscos para a vida do arquiduquerecebeu como resposta de Potiorek: “Você acha que Sarajevo é cheia de assassinos?”

 O casal então partiu para o hospital. Durante o percurso, o motorista do arquiduque errou o caminho, virando na esquina errada. Potiorek gritou “Não é esse o caminho!” e o motorista decidiu dar ré. O carro parou bem de frente à um café, onde Gravilo Princip comemorava. Ele achava que o plano já havia dado certo e tomou um susto quando se viu cara a cara com Franz. Imediatamente, Gravilo sacou o revolver e atirou uma vez à uma distância de menos de um metro. A bala atingiu o arquiduque no pescoço, rasgando-lhe a jugular. Um segundo tiro foi disparado, ferindo Sophie no estomago. Sophie estava grávida de quatro meses. Ferdinand ainda teve forças para dizer: “Sophie, Sophie! Não morra! Viva para nossos filhos!”. Sophie foi declarada morta 15 minutos depois de ser alvejada.  Franz Ferdinand faleceu pouco depois dela.

Pavil é aceso: Representação de um artista do momento exato em que o estudante  Gravilo Princip alveja Franz Ferdinand e sua esposa.
Gravilo Princip encostou o cano da arma na própria cabeça, mas a arma falhou. Ele foi preso junto com Cubrilovic. Ambos foram surrados para dar o nome de todos os conspiradores. Todos foram presos e acusados de traição e assassinato. Somente Mehmedbasic conseguiu escapar, fugindo para a Sérvia. Princip, Cabrinovic e Grabez receberam pena máxima de 20 anos, pois eram menores de idade na época. Vaso Cubrilovic recebeu 16 anos de detenção, Cvijtko Popovic recebeu 13 anos de prisão. Danilo Ilc, Viljko Cubrilovic e Misko Janovic receberam pena capital por serem maiores de idade. eles foram executados em 3 de fevereiro de 1915.

Foto de Gravilo Princip, tirada pela policia.
Gravilo Princip é detido pela polícia logo após o atentado contra o arquiduque.
No mês seguinte, centenas de publicações cobriram quase minuto a minuto os movimentos e as atividades de todos os envolvidos. Parecia que ninguém queria a guerra, mas o momento inevitável havia chegado. Muitos políticos e soldados austríacos a desejavam, pois acreditavam que o atentado foi somente uma tentativa de silenciar de uma vez por toda os atrevidos sérvios. Inicialmente, Franz Josef foi cauteloso, mas como já estava velho, demasiadamente debilitado, seu poder de resistência não foi o suficiente para vencer o grupo de Viena favorável à guerra. O kaiser, ora enraivecido, ora horrorizado com seus próprio atos, mudava com freqüência de opinião. Todas as nações envolvidas na malha de guerra, até mesmo os sérvios, sabiam das desastrosas conseqüências de um conflito armado e desejavam evitar a guerra, mas isso não era mais possível.

Cortejo fúnebre de Franz e sua esposa.
Os corpos de Franz Ferdinand e de Sophie são velados.

Começa a Guerra.

O momento-chave foi quando Guilherme II deu apoio à qualquer que fosse a decisão da Áustria. Em um primeiro momento, o Império Austro-Húngaro foi incitado à atacar a Sérvia. Os favoráveis à paz no país foram derrotados. Os austríacos sabiam perfeitamente que as autoridades Sérvias não tinham nada com o atentado e isso ficou provado após a abertura de um inquérito. Para evitar a guerra, os austríacos criaram uma lista com várias condições que deveriam ser aceitas pelos sérvios. A Sérvia aceitou a maioria das condições, menos uma que eles insistiram em levar até a Corte de Justiça Internacional. Isso desagradou aos austríacos, que imediatamente declararam guerra à Sérvia. Os russos começaram a se mobilizar em prol da Sérvia e declarou guerra contra o Império Austro-Húngaro. A Alemanha, por sua vez, entrou na luta em defesa da Áustria-Hungria. A França e Grã-Bretanha foram as próximas, entrando para a briga do lado a Rússia. A velocidade da mobilização dos países veio a ser um fator importante no desenvolvimento da crise. Os alemães adotaram o plano do Comandante-Chefe Von Schlieffen, que determinou a invasão da frança, através da Bélgica, para dominar o país em 40 dias. Assim, o exercito alemão poderia voltar e lutar contra os russos, cujo o domínio, dado ao tamanho do território, seria mais difícil. O fato de que a Prússia assinou com os britânicos o tratado de Londres, em 1832, que garantia a liberdade da Bélgica, seria ignorado. A conseqüente invasão alemã em Luxemburgo e na Bélgica motivou a entrada da Inglaterra no conflito, que declarou guerra à Alemanha.  A Primeira Guerra Mundial havia começado.

Questão inevitável.

Ainda existe a velha questão: O assassinato de Franz Ferdinand foi realmente o motivo para a guerra ou ele fora somente um ato em particular usado como desculpa e que nada tinha a ver com a inevitável guerra? Uma questão levantada na época era a de se o governo sérvio tivera ou não ligação com o assassinato. O destino do mundo pareceu depender desse grande impasse durante o período entre o assassinato do arquiduque e o início da Guerra. O inquérito, já citado, aberto logo após o incidente revelou que o governo não teve nenhuma participação na morte de Franz. Aliás, os servos estavam completamente despreparados para a guerra. Muitos historiadores admitem que a Alemanha, em particular o Kaiser, foi amplamente responsável pela Primeira Grande Guerra. Entre todas as nações, a Alemanha era a única que estava preparada para a guerra. Por sua natureza, a questão sobre a ligação entre o atentado e o início da guerra é algo impossível de se dizer ao certo, sendo razoável somente a suposição. É bem provável que, mais cedo ou mais tarde, o conflito aconteceria, mesmo que o atentado de Sarajevo não ocorresse. Os antagonismo, temores, preconceitos e desconfianças enraizadas na Europa naquela época, mais cedo ou mais tarde, desencadeariam um confronto armado.

E Gravilo Princip?

Princip permaneceu preso em sua cela escura, úmida e bolorenta, o que agravou ainda mais seu quadro de saúde. Princip já enfrentava uma tuberculose crônica a muito tempo. Ele escarrava sangue, mas não sabia qual a razão. O autodeclarado nacionalista, nascido em Oblijaj, morreu vítimado da doença em 28 de abril de 1918. O homem cujo o crime foi usado como desculpa para uma guerra generalizada não atingiu seu objetivo e "A Grande Sérvia" até hoje, não existe.

4 comentários:

  1. O fato dos assassinos envolvidos, planejarem o suicídio após o atentado levanta a suspeita de uma trama maior, que talvez jamais será revelada!

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  2. RESUMINDO:

    A primeira guerra mundial começou porque um cocheiro se enganou no caminho.

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